Bolsonaro nega indicações apesar de influência de bancada para nova pasta
Prestes a recriar dois ministérios a fim de tentar aprovar a reforma da Previdência, entre eles o Ministério das Cidades, e liberar que a indicação do titular deste seja feita pela Frente Parlamentar em Defesa dos Municípios Brasileiros, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) reafirmou hoje que seu governo não conta com indicações políticas.
"Me elegi, e a decisão foi a seguinte: como havia falado durante ano, não teremos indicações políticas. A imagem distorcida da Caixa [Econômica Federal] era em função isso. Cada partido tinha uma diretoria, tinha uma vice-presidência. E, com todo o respeito, o presidente, para ser educado, não falava muito. Não tinha como dar certo. Escolhi os ministros por critério técnico", declarou em evento da Caixa.
Na terça-feira (7), Bolsonaro admitiu a possibilidade de desmembrar o Ministério do Desenvolvimento Regional em Cidades e Integração Nacional, como era no governo anterior, de Michel Temer (MDB).
Além da bancada da área de municípios, a ideia foi sugerida pelos presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
"Eles vieram de forma bastante objetiva tratar deste assunto comigo. Eu não crio óbice no tocante a isso. E apenas que o futuro ministro, caso seja criado este ministério, venha da indicação da Frente Parlamentar de Municípios, das cidades, tá certo? Apenas isso aí", disse na ocasião.
Entre os nomes aventados para assumir o Ministério das Cidades está o do ex-deputado federal e ex-ministro das Cidades de Temer, Alexandre Baldy (PP), próximo a Maia e com interlocução entre os parlamentares do Centrão, considerados cruciais para a aprovação de projetos de interesse do governo no Congresso Nacional. Hoje, Baldy atua como secretário de Transportes do Estado de São Paulo.
O presidente participou de evento da Caixa Econômica Federal em Brasília ao lado dos ministros Osmar Terra (Cidadania) e Floriano Peixoto (Secretaria-Geral da Presidência), e o presidente do banco, Pedro Guimarães.
Ao longo do discurso, Bolsonaro relembrou sua passagem pela Câmara dos Deputados, falou das dificuldades para se eleger e da necessidade de se antecipar a problemas.
Segundo o presidente, ele indicou somente duas pessoas para a composição de seu governo: o secretário de Aquicultura e Pesca, Jorge Seif Júnior, e "agora um jovem para a Apex", sem citar se seria o novo presidente da entidade, que vem enfrentando problemas internos desde o início do governo, Sergio Ricardo Segovia Barbosa.
"Assim estamos governando. Alguns problemas? Sim. Talvez tenha um tsunami na semana que vem, mas a gente vence esse obstáculo aí com toda certeza. Somos humanos, alguns erram. Alguns erros são perdoáveis, outros não", disse ao ressaltar a independência dos ministros.
Bolsonaro comentou sobre reuniões com representantes de lotéricas para conversar sobre demandas do setor quando ainda deputado federal e, em determinado momento, ponderou não ser sua "praia", mas, sim, segurança pública ao fazer um sinal de arma com ambas as mãos.
"Aqui não é minha praia. Minha praia é outra", disse, rindo, ao fazer o sinal. "Acho que o pessoal gostou, em parte, né, do decreto das armas com toda a certeza." Ele então foi aplaudido pela plateia.
Em fala no evento, Pedro Guimarães afirmou que Bolsonaro é uma "pessoa diferenciada, humana" e que cobra o fato da Caixa ser reconhecida como um banco social e guiada pela meritocracia. Ao final, entregou para Bolsonaro um crachá personalizado da empresa e um cartão de crédito consignado.
Uma das diferenças do cartão para outros convencionais é que parte da fatura já é descontada em folha ou no benefício do INSS. "É a demonstração de outra promessa de que vamos focar nas pessoas mais humildes", disse Guimarães.
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