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Após Maia romper relações, líder do governo fala em "construir pontes"

21.maio.2019 - O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (dir.) e o deputado Major Vitor Hugo (canto esquerdo), líder do PSL na Câmara, bateram boca durante reunião de líderes de partido - Dida Sampaio/Estadão Conteúdo
21.maio.2019 - O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (dir.) e o deputado Major Vitor Hugo (canto esquerdo), líder do PSL na Câmara, bateram boca durante reunião de líderes de partido Imagem: Dida Sampaio/Estadão Conteúdo

Guilherme Mazieiro

Do UOL, em Brasília

21/05/2019 20h05

O líder do governo na Câmara, deputado Major Vitor Hugo (PSL-GO), minimizou nesta noite o rompimento de relações anunciado há algumas horas pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

"Eu queria dizer que a minha avaliação é de que este momento é para construir pontes. Eu quero que isso continue a acontecer".
Vitor Hugo.

Responsável pela articulação política do governo Bolsonaro na Câmara, Vitor Hugo também afirmou que vai "esperar a poeira baixar" para procurar Maia.

"Não acho que isso tenha sido um rompimento completo. Acho que foi evidenciado algo que já acontecia. Não é bom para o país que haja o presidente da Câmara e o líder do governo sem chegar a um meio termo", afirmou o líder do governo.

Desde fevereiro, quando se iniciou esta legislatura, Vitor Hugo tem sido questionado pela falta de habilidade política.

Na tarde de hoje (21), após Maia se queixar publicamente, o major disse que as críticas eram à forma com que Maia conduzia as negociações políticas e reuniões, não a ele, pessoalmente.

Vitor Hugo disse que não foi ele que fez charges sugerindo negociatas na Câmara -- distribuídas entre deputados e um dos motivos da irritação de Maia. O major também reclamou que não é convidado para participar de debates sobre projetos e votações organizados por Maia

Saída para Vitor Hugo

Ministros de Bolsonaro e até a bancada aliada também têm reclamado da articulação de Vitor Hugo.

"O que aconteceu [a rusga entre Maia e Vitor Hugo] está acontecendo há muito tempo. É uma inabilidade tremenda", disse uma fonte próxima ao Planalto.

Como o Major é uma escolha pessoal de Bolsonaro, nas últimas semanas os ministros sugeriram que ele fosse alçado ao cargo de ministro do Turismo.

A ideia era dar uma pasta com orçamento menor e ter um novo articulador na Câmara. Com isso, o governo ganharia também com a troca do titular, Marcelo Alvaro, envolvido em denúncias sobre candidaturas laranjas.

Bolsonaro negou e pediu mais paciência para que o líder tentasse desenvolver seu trabalho.

Líderes criticam articulação

Nesta tarde, após a reunião de líderes de bancadas, o líder do PT, Paulo Pimenta (RS) disse que "até hoje" não foi procurado por Vitor Hugo para discutir propostas.

"Já fui líder do governo e da oposição e sempre dialoguei com todos os partidos", disse Pimenta.

Sobre as críticas de que ele não procura a oposição, o Major relativizou o contato.

"Conversei com o líder da oposição, [Alessandro] Molon [PSB], com o André Figueiredo [PDT] diversas vezes. Conversei com o líder do PSB. Com os partidos que são muito, muito de oposição, no extremo oposto à nossa visão política e que houve grande ressentimento após as eleições, acho que tem que haver um momento para isso e esse momento ainda não aconteceu", declarou o Major.

O governo Bolsonaro teve início em 1º de janeiro de 2019, com a posse do presidente Jair Bolsonaro (então no PSL) e de seu vice-presidente, o general Hamilton Mourão (PRTB). Ao longo de seu mandato, Bolsonaro saiu do PSL e ficou sem partido até filiar ao PL para disputar a eleição de 2022, quando foi derrotado em sua tentativa de reeleição.