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Ato no RJ tem clima de eleição, gritos de "mito" e críticas a parlamentares

Pauline Almeida

Colaboração para o UOL, no Rio

26/05/2019 10h49Atualizada em 26/05/2019 14h26

O ato em apoio ao presidente Jair Bolsonaro (PSL) no Rio de Janeiro começou antes de 10h na praia de Copacabana, na zona sul, e terminou por volta das 13h30. Após gritos de "Olavo, o Brasil te ama", o protesto foi encerrado com o Hino Nacional. Os organizadores pediram para os manifestantes se manterem ativos nas redes sociais, dando continuidade à mobilização.

Com vários trios elétricos instalados entre os postos 4 e 5 da orla, o cenário lembrava o clima eleitoral, inclusive com as músicas usadas na campanha, o hino nacional e muitos gritos de "mito" e "meu capitão". Grande parte dos manifestantes usava roupas e carregava bandeiras nas cores verde e amarelo.

Segundo os organizadores do evento, foram mais de 1 milhão de participantes. A Polícia Militar não divulgou estimativa de público. A reportagem contou pessoas ao longo de sete quarteirões da orla, com alguns pontos mais cheios e outros, nem tanto.

O protesto ainda teve avião passando com faixa de "mito" e um guindaste com a bandeira brasileira.

Pauta diversificada

Além de demonstrar apoio ao presidente Jair Bolsonaro e ao ministro da Justiça, Sergio Moro, os participantes também defenderam pautas como a reforma da Previdência e o pacote anticrime, e criticaram parlamentares e membros do Judiciário.

Também houve gente pedindo a saída do prefeito do Rio de Janeiro, Marcello Crivella, e o fim do exame da Ordem dos Advogados do Brasil.

Os trios também reuniram religiosos. Em um deles, a deputada federal Chris Tonietto (PSL) puxou a oração do rosário e falou contra o aborto. Em outro, evangélicos rezaram o "Pai Nosso", pedindo a libertação do país dos "inimigos".

Atos pró-governo ocorrem em vários estados

UOL Notícias

Contra a 'velha política'

"Pela nova Previdência, o pacote anticrime, a aprovação da MP 870, que é a reforma administrativa, e a instalação da CPI antitoga no Senado", disse ao UOL Davy Albuquerque, um dos fundadores do Movimento Brasil Conservador, um dos organizadores do protesto. "Repudiar toda a velha política que está sendo feita pelo Centrão." Segundo ele, o ato custou R$ 12 mil, vindos de doações.

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"O povo tem o direito de tomar conta do que é dele", disse a estudante de Pedagogia Aline Ribeiro
Imagem: Pauline Almeida/UOL

A estudante de Pedagogia Aline Ribeiro defendeu que os congressistas precisam ouvir a pressão popular. "O povo tem o direito de tomar conta do que é dele", declarou.

'Pixuleco' do Maia

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), ganhou um lugar de destaque na manifestação. Ao lado do boneco inflável do ex-presidente Lula vestido de presidiário, apelidado de 'pixuleco', foi colocado outro do parlamentar, segurando um saco de dinheiro.

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O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), ganhou um boneco inflável e foi alvo de críticas
Imagem: Pauline Almeida/UOL

No trio elétrico ao lado, gritos de "Fora Maia", alvo dos manifestantes junto com parlamentares de outros partidos do Centrão e esquerda, além do Movimento Brasil Livre (MBL).

Paraquedistas viram atração

Um grupo de paraquedistas da reserva chamou atenção e virou atração para fotos ao chegar cantando.

"O nosso quadro político não anda bem, e o nosso presidente, juntamente com nossos generais, estão sozinhos. A gente está aqui para dar essa força", disse o paraquedista da reserva Roberto Vaz.

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Um grupo de paraquedistas da reserva chamou atenção e virou atração para fotos
Imagem: Pauline Almeida/UOL

Ambulantes também aproveitaram para lucrar. Desempregado, o cozinheiro Diego Pedro vendia camisetas e fitas de Jair Bolsonaro, em quem votou. "Apoiar também porque ele nem começou a governar e já estão fazendo baderna, pedindo impeachment", opinou.

Possíveis impactos para o governo

As manifestações podem servir de termômetro do apoio a um governo que recebeu a pior avaliação para um começo de mandato nos últimos 24 anos e foi alvo de uma grande mobilização da oposição em seu quinto mês de vida, motivada pelos cortes nas universidades públicas.

O domingo também deixa no ar a expectativa sobre a reação da classe política ao que acontecerá nas ruas, já que a mobilização dos militantes pró-Bolsonaro tem como pano de fundo a turbulenta relação entre Executivo e Legislativo.

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse neste mês que o Congresso aprova a nova Previdência "com o governo ajudando ou atrapalhando". Bolsonaro, por sua vez, endossou dois dias depois uma carta em que o Brasil é descrito como "ingovernável" fora de "conchavos", em discurso de tom bastante similar ao adotado pela militância que promete apoiá-lo hoje.