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Operação Lava Jato

Após mensagens vazarem, defesa quer falar com Lula para traçar estratégia

Nathan Lopes

Do UOL, em São Paulo

10/06/2019 09h28

A defesa de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) irá consultar o ex-presidente antes de decidir qual ação tomar em relação à divulgação de conversas entre o ex-juiz federal e atual ministro da Justiça Sergio Moro e membros da força-tarefa da Operação Lava Jato no MPF (Ministério Público Federal) no Paraná.

Ontem, o site "The Intercept Brasil" divulgou mensagens trocadas no aplicativo Telegram. Entre elas, estão sugestões de Moro para a troca da ordem de fases da Lava Jato para não ficar "muito tempo sem operação". O ex-juiz chegou a dar conselhos e pistas informais de investigação e antecipou uma decisão que ele ainda não havia tornado pública. As mensagens também mostram que Moro criticou e sugeriu recursos ao Ministério Público.

Os defensores, liderados pelo advogado Cristiano Zanin Martins, pretendem analisar as providências jurídicas possíveis ao longo do dia de hoje. Amanhã, eles devem conversar, em Curitiba, com Lula, confirmou a defesa ao UOL. Apenas após o encontro é que eventuais recursos com base nas conversas entre Moro e a Lava Jato serão apresentados.

Lula está preso em Curitiba desde abril do ano passado em razão de condenação no processo do tríplex, que foi tema de conversas entre Moro e membros da Lava Jato. O ex-presidente sempre negou todas as acusações e diz ser vítima de perseguição política.

Em nota divulgada ontem, a defesa do petista indicou que deve pedir a liberdade do ex-presidente. "O restabelecimento da liberdade plena de Lula é urgente, assim como o reconhecimento mais pleno e cabal de que ele não praticou qualquer crime".

Os advogados voltaram a dizer que "houve uma atuação combinada entre os procuradores e o ex-juiz Sergio Moro com o objetivo pré-estabelecido e com clara motivação política, de processar, condenar e retirar a liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva".

Ao longo dos últimos anos, a defesa de Lula questionou a parcialidade de Moro e da Lava Jato em todas as instâncias da Justiça brasileira e até ao Comitê de Direitos Humanos da ONU (Organização das Nações Unidas).

Em nota, Moro disse que uma "leitura atenta [das mensagens] revela que não tem nada ali apesar das matérias sensacionalistas". Já a Lava Jato mostrou "preocupação com possíveis mensagens fraudulentas ou retiradas do devido contexto".

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