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Bolsonaro se reúne com Moro pela 1ª vez e o condecora após vazamentos

Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

11/06/2019 09h58Atualizada em 11/06/2019 14h34

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, se reuniu hoje de manhã com o presidente Jair Bolsonaro (PSL) no Palácio da Alvorada. Foi o primeiro encontro entre eles desde o vazamento de mensagens privadas entre Moro, quando era juiz federal responsável pela Operação Lava Jato em Curitiba, e integrantes da força-tarefa que podem colocar em xeque sua isenção nos processos.

De lancha, eles seguiram para evento da Marinha, no qual Moro foi condecorado com a medalha da Ordem do Mérito Naval. Os dois sentaram lado a lado durante a cerimônia, que teve a participação de outros 13 ministros como Paulo Guedes (Economia), Onyx Lorenzoni (Casa Civil) e Ernesto Araújo (Itamaraty).

Moro chegou ao Alvorada por volta das 9h15 em carro com vidros escuros sem falar com a imprensa. O ministro e o presidente ficaram a sós por menos de 30 minutos, pois, por volta das 9h50, embarcaram na lancha Amazônia da Marinha na marina privativa do Palácio da Alvorada. A embarcação seguiu para o Grupamento de Fuzileiros Navais, também situado às margens do Lago Paranoá.

Inicialmente, o encontro não estava previsto na agenda nem de Bolsonaro nem de Moro. No início da tarde, o presidente segue para São Paulo, onde terá compromissos na Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).

O evento na Marinha começou pouco após às 10h e 180 pessoas, civis e militares, brasileiras e estrangeiras foram condecoradas com a medalha do Ordem do Mérito Naval. Além de Moro, entre os condecorados estavam outros 13 ministros, o advogado-geral da União e o presidente do Banco Central, estes últimos com status de ministro. Dois dos filhos de Bolsonaro, Carlos e Flávio, também receberam a medalha no evento.

O Presidente Jair Bolsonaro chega acompanhado pelo Ministro da Justiça Sérgio Moro para a cerimônia de comemoração do 154º Aniversário da Batalha Naval do Riachuelo e imposição da Ordem do Mérito Naval, no Grupamento dos Fuzileiros Navais, em Brasília - Andre Coelho/Folhapress - Andre Coelho/Folhapress
O presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Justiça, Sergio Moro, participaram da cerimônia de comemoração do 154º Aniversário da Batalha Naval do Riachuelo
Imagem: Andre Coelho/Folhapress

Confiança

Ontem, Bolsonaro se manifestou brevemente sobre o caso e ressaltou apoio ao ex-juiz federal. "Nós confiamos irrestritamente no ministro Moro", disse o presidente.

Mais cedo, no começo da noite, o porta-voz da Presidência, Otávio Rêgo Barros, disse que "jamais foi tocado" no assunto de uma eventual renúncia ou demissão de Moro.

As mensagens publicadas pelo site The Intercept Brasil indicam suposta interferência de Moro em ações conduzidas pelo MPF (Ministério Público Federal). A força-tarefa da Lava Jato confirmou o vazamento das mensagens, mas disse que não há nenhuma ilegalidade revelada pelo conteúdo.

Foram divulgados trechos de conversas de grupos da força-tarefa no Telegram, aplicativo de mensagens, que teriam sido trocadas entre 2015 e 2018 e obtidos pelo site com uma fonte anônima.

Sem discurso na Marinha

Bolsonaro não discursou no evento da Marinha, mas foi lida mensagem do presidente em comemoração aos 154 anos da Batalha Naval do Riachuelo. No texto, ele percorre a história da Marinha e ressalta a importância da instituição até os dias atuais.

De forma semelhante, foi lida mensagem do comandante da Marinha, almirante de esquadra Ilques Barbosa Junior. Após detalhar a batalha, este afirmou que "o tempo passou, as ameaças da atualidade são multifacetadas, tornando ainda mais complexas as iniciativas para o devido combate".

Algumas das ações desenvolvidas pela Marinha citadas foram os programas nuclear, de novos submarinos e navios, como o foco na soberania nacional e na defesa do território brasileiro.

Vazamentos revelam que Moro orientava investigações da Lava Jato

UOL Notícias

O governo Bolsonaro teve início em 1º de janeiro de 2019, com a posse do presidente Jair Bolsonaro (então no PSL) e de seu vice-presidente, o general Hamilton Mourão (PRTB). Ao longo de seu mandato, Bolsonaro saiu do PSL e ficou sem partido até filiar ao PL para disputar a eleição de 2022, quando foi derrotado em sua tentativa de reeleição.