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Ibope: aprovação do governo Bolsonaro vai a 32%, menor índice desde a posse

18.jun.2018 - O presidente Jair Bolsonaro - Adriano Machado/Reuters
18.jun.2018 - O presidente Jair Bolsonaro Imagem: Adriano Machado/Reuters

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, em Brasília

27/06/2019 14h08Atualizada em 27/06/2019 15h38

A aprovação do governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL) voltou a oscilar negativamente e é a pior desde o início do mandato. É o que mostra nova pesquisa Ibope divulgada hoje. O levantamento foi encomendado pela CNI (Confederação Nacional da Indústria).

A pesquisa mostra que 32% dos brasileiros avaliam o governo como ótimo ou bom. O levantamento indica ainda que 32% da população opinaram que a gestão é ruim ou péssima.

A pesquisa foi realizada entre os dias 20 e 26 de junho. Foram ouvidas 2.000 pessoas em 126 municípios. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

Em relação ao último levantamento CNI/Ibope, divulgado em abril, o índice de ótimo/bom oscilou negativamente três pontos percentuais, dentro da margem de erro: de 35% para 32%. Já o registro de ruim/péssimo subiu cinco pontos: 27% para 32%.

Na comparação entre todos os levantamentos mensais - com exceção de maio, em que não houve pesquisa -, a aprovação do governo em junho é a pior do ano.

Confiança no presidente cai

No que diz respeito à maneira de governar do presidente, o percentual de desaprovação cresceu de 40% para 48%, enquanto a aprovação recuou de 51% para 46%. A confiança em Bolsonaro também diminuiu. O percentual dos que confiam no chefe do Executivo passou de 51% para 46% e os que não confiam aumentou de 45% para 51%.

No momento da divulgação da pesquisa, o presidente está em Osaka, no Japão, para participar, nos próximos dois dias, da cúpula dos líderes do G20.

Em junho, o governo Bolsonaro passou por reveses e momentos conturbados: a divulgação de conversas do ministro da Justiça, Sergio Moro, com procuradores da Operação Lava Jato; as mudanças no projeto de reforma da Previdência no Congresso; a derrubada, no Senado, do decreto presidencial das armas, o que levou Bolsonaro a revogar a medida; a prisão de um assessor do ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, por suposto envolvimento no caso das candidaturas laranjas de Minas Gerais; manifestações contra a reforma e o bloqueio de verbas na Educação; e a prisão de um sargento, supostamente com cocaína, em um avião da FAB.

Insatisfação com Educação

No recorte por políticas setoriais, a área da educação teve um aumento de dez pontos percentuais (de 44% para 54%) quanto à insatisfação dos brasileiros. Os dados indicam que a avaliação piorou no período em que Abraham Weintraub está à frente do Ministério da Educação, que assumiu em 8 de abril. A pesquisa anterior foi realizada entre 12 e 15 abril, dias após a exoneração do ex-chefe da pasta, Ricardo Vélez Rodriguez.

Desde então, Weibtraub foi pivô de várias polêmicas e notícias consideradas negativas para o governo, como o congelamento das verbas destinadas ao ensino superior --inicialmente, o ministro recém-nomeado declarou que cortaria investimentos de universidades que estivessem promovendo "balbúrdia". Posteriormente, o ministério recuou e informou que o contignenciamento valeria para todas as instituições.

15.maio.2019 - Protesto em São Paulo contra reforma da Previdência e cortes na educação - Amanda Perobelli/Reuters - Amanda Perobelli/Reuters
15.maio.2019 - Protesto em SP contra reforma da Previdência e cortes na educação
Imagem: Amanda Perobelli/Reuters

Para o gerente da pesquisa, Renato da Fonseca, as declarações de Weintraub e o episódio do congelamento orçamentário impactaram os dados, sobretudo pelas manifestações de rua que sucederam a polêmica.

"Notícias negativas sempre afetam, mas os indícios que a gente tem aqui são que uma das coisas que mais pesaram foi o corte de verbas na educação", declarou ele. O pesquisador alertou que não é possível afirmar com certeza porque o Ibope não investiga causalidades na metodologia da amostra.

O estudo também mostra que o percentual dos entrevistados que consideram que as notícias recentes atingiram o governo cresceu de 39% para 45% entre abril e junho.

Queda entre as mulheres

O cruzamento de dados aponta que a queda na popularidade do presidente é maior entre as mulheres, entre os que possuem até a quarta série da educação fundamental e entre os brasileiros com menor renda familiar.

Enquanto 54% dos homens aprovam o governo, isto é, mais da metade, apenas 39% das mulheres se disseram contempladas pela gestão. O percentual de reprovação chegou a 54% entre as pessoas do sexo feminino --enquanto homens somaram 42%.

Na análise por região, o desempenho foi pior entre os residentes nas regiões Norte/Centro-Oeste e Nordeste. No Sul, por sua vez, a popularidade de Bolsonaro se consolidou como a maior do país. É a única região em que mais de 50% avaliam o governo como ótimo ou bom --subiu de 44% para 52%.

No Nordeste, elevou-se a insatisfação com a chefia do Executivo, e o percentual dos que afirmam considerar a gestão como ruim ou péssimo subiu de 40% para 47%. Por outro lado, os que avaliam como ótimo ou bom caiu de 25% para 17%.

O governo Bolsonaro teve início em 1º de janeiro de 2019, com a posse do presidente Jair Bolsonaro (então no PSL) e de seu vice-presidente, o general Hamilton Mourão (PRTB). Ao longo de seu mandato, Bolsonaro saiu do PSL e ficou sem partido até filiar ao PL para disputar a eleição de 2022, quando foi derrotado em sua tentativa de reeleição.