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Com militares e filho em crise, Bolsonaro rejeita comentar 'mídias sociais'

Vanessa Alves Baptista

Do UOL, em São Paulo

02/07/2019 20h28

Em meio a uma nova crise entre militares e um dos filhos de Jair Bolsonaro (PSL), o porta-voz da Presidência da República, general Otávio Rêgo Barros, afirmou nesta terça-feira (2) que "o presidente não comenta posições pessoais em quaisquer que sejam as mídias sociais".

Ontem, em postagem no Twitter, o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ) atacou, indiretamente, o general Augusto Heleno, chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), e ironizou a promoção o Banco do Brasil do filho do general Hamilton Mourão, vice-presidente da República.

Sobre o GSI, Carlos Bolsonaro disse "Por que acha que não ando com seguranças? Principalmente aqueles oferecidos pelo GSI?".

O vereador fez o comentário na página bolsonarista @snapnaro. Ela havia postado um vídeo de uma pessoa que se identifica como jornalista acusando o GSI e a FAB (Força Aérea Brasileira) como cúmplices do sargento Manoel Silva Rodrigues. Rodrigues foi detido na Espanha com 39 kg de cocaína no avião a serviço da Presidência.

Questionado sobre o fato de Bolsonaro ainda não ter feito uma defesa pública do general Heleno, o porta-voz disse que o presidente fala "27 por 7" ("todos os dias da semana") com o chefe do GSI e tem apreço especial e confiança no trabalho do militar.

"O presidente tem um apreço especial pelo general. Ele o tem, entre os ministros, como o sênior, com quem ele dialoga e troca ideias e isso claramente deixa a sensação e, mais do que sensação, uma certeza da confiança do presidente no trabalho que ele desenvolve", afirmou o Rêgo Barros em conversa com jornalistas.

Se o presidente não se manifestou em defesa de Heleno, no Exército já se viu a primeira reação ao ataque de Carlos. O general Luiz Eduardo Rocha Paiva, integrante da Comissão de Anistia do governo federal, chamou o filho do presidente, em uma mensagem de Whatsapp, de "pau-mandado do Olavo", referindo-se ao escritor Olavo de Carvalho, do qual Carlos é seguidor.

"Pau-mandado de Olavo. Se o pai chama os estudantes vermelhinhos de idiotas úteis, e eu concordo, para mim, o filhinho dele é um 'idiota inútil', ou útil para os esquerdistas", diz a mensagem, acrescida de uma assinatura do general e um "Pode repassar".

A respeito das declarações do general Rocha Paiva, o porta-voz disse que o presidente não se manifestaria.

O general da reserva reiterou ao UOL as críticas ao filho '02' e sugeriu que o presidente se "desvencilhe" politicamente do vereador de 36 anos

"Esse embate não é provocado pelos militares, mas por Carlos, inclusive com ofensas diretas. Bolsonaro deve dizer aos militares que desautoriza qualquer manifestação dele. Espero que se dê um basta nisso porque tem questões muito mais importantes para resolver do que ficar esse 'tititi' de uma pessoa que é mal-educada e desclassificada, em termos de comportamento político e social

Apesar de a ala militar do governo ser um dos alvos de preferidos de Carlos Bolsonaro nas redes sociais, o vereador também já criticou outros integrantes do primeiro escalão do governo. Suas queixas ajudaram na queda de Gustavo Bebianno (Secretaria-Geral da Presidência), em fevereiro, e do general Carlos Alberto Santos Cruz (Secretaria de Governo), em junho.