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Por "sanidade mental", deputado diz que recusará novo convite a Moro

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Hanrrikson de Andrade

Do UOL, em Brasília

03/07/2019 15h47Atualizada em 03/07/2019 16h10

O presidente da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara dos Deputados, Felipe Francischini (PSL-PR), anunciou hoje que, pela sua "sanidade mental", não pretende pautar novos requerimentos de convite a Sergio Moro.

Ontem, o ministro da Justiça e da Segurança Pública ficou mais de nove horas prestando esclarecimentos em audiência conjunta de quatro comissões da Câmara sobre os diálogos dele com membros da Operação Lava Jato publicados pelo site The Intercept Brasil. No entanto, houve bate-boca entre os deputados e a reunião acabou encerrada devido ao tumulto. Moro deixou a sala da CCJ aos gritos de "fujão", enquanto parlamentares se ofendiam de forma mútua.

"Eu não vou pautar, no que depender de mim, convite mais. Eu não quero, pela minha sanidade mental, fazer outra reunião com Sergio Moro sobre o mesmo assunto, porque já não vai levar a nada", declarou Francischini.

O chefe da comissão, a mais importante da Câmara, é do mesmo partido do presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL).

Além da Câmara, o ex-juiz federal da Lava Jato já compareceu ao Senado com a mesma finalidade, isto é, prestar esclarecimentos sobre o material obtido pelo Intercept. Ele tem dito que a autenticidade das mensagens vazadas não pode ser confirmada e que há indícios de adulteração parcial ou integral. Além disso, respondeu não se lembrar de trechos que possam ser verdadeiros.

Moro esteve ontem na CCJ na condição de convidado. Além dessa modalidade de requerimento, há a possibilidade de convocação --quando a autoridade é obrigada a comparecer. Francischini adiantou, no entanto, considerar que não seria o caso de convocá-lo.

"As mesmas perguntas sendo repetidas, um monte de agressão ao ministro, os deputados se agredindo dos dois lados. Então, para minha sanidade mental, não vou pautar mais isso. E convocação acho que não cabe."

A postura do presidente da comissão não foi endossada pelos membros da oposição e até mesmo por alguns parlamentares simpáticos ao governo. Integrante da bancada evangélica, Sóstenes Cavalcante disse entender que a presença de Moro no Parlamento o fortalece.

"Pode deixar ele vir, convidem todas as vezes. A oposição está fazendo um serviço ao Brasil e em breve veremos Sergio Moro presidente desse jeito."

Senado aprova convite a Glenn

Na outra casa do Congresso, a CCJ do Senado aprovou na reunião ordinária de hoje o convite ao jornalista americano Glenn Greenwald, um dos fundadores do site The Intercept. Ele pode aceitar ou não. O objetivo é falar sobre as reportagens que revelaram os diálogos entre Moro e o procurador Deltan Dallagnol, chefe da força-tarefa da Lava Jato, além de outros detalhes do caso.

Greenwald tem sido alvo de ataques no Parlamento e de apoiadores de Bolsonaro nas redes sociais. Congressistas mais exaltados já chegaram a defender que o jornalista fosse expulso do país. O companheiro dele, o deputado federal David Miranda (PSOL-RJ), também tem sofrido ataques.

O fundados do Intercept já esteve na Câmara, em 25 de junho, para falar sobre as reportagens do site. Na ocasião, Greenwald disse que a divulgação dos diálogos estava só no começo e havia muita coisa a ser revelada. Ele também relatou ameaças ao veículo e ataques pessoais.