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Após repercussão negativa, Bolsonaro nega defender trabalho infantil

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) - Mauro PIMENTEL / AFP
O presidente Jair Bolsonaro (PSL) Imagem: Mauro PIMENTEL / AFP

Guilherme Mazieiro

Do UOL, em Brasília

05/07/2019 17h07

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) voltou a falar hoje em duas ocasiões diferentes sobre trabalho infantil. Após repercussão de declaração sobre o tema, ele disse que não defende o trabalho para crianças, mas que trabalhou desde os oito anos de idade "e hoje eu sou o que eu sou. Isso não é demagogia, isso é verdade". Nas redes sociais, Bolsonaro procurou diferenciar incentivo ao trabalho de exploração.

Bolsonaro entrou no assunto ontem durante transmissão ao vivo pelas redes sociais. "Olha só, trabalhando com nove, dez anos de idade na fazenda eu não fui prejudicado em nada. Quando um moleque de nove, dez anos vai trabalhar em algum lugar, tá cheio de gente aí 'trabalho escravo, não sei o quê, trabalho infantil'. Agora, quando tá fumando um paralelepípedo de crack, ninguém fala nada", disse ontem o presidente, acrescentado que não vai apresentar nenhum projeto que permita isso para "não ser massacrado".

Eu trabalhava com 9 anos e não fui prejudicado em nada, diz Bolsonaro

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Em entrevista à imprensa hoje, Bolsonaro negou que defenda o trabalho infantil e voltou ao tema nas redes sociais, durante a tarde.

"Não devemos confundir o incentivo ao trabalho e à disciplina com exploração, abuso e abandono da escola. São coisas completamente distintas e todos sabemos disso", escreveu.

Ele também disse em seu perfil no Twitter que está sendo atacado pela "esquerda" porque defende que "nossos filhos sejam educados para desenvolver a cultura do trabalho desde cedo. Se eu estivesse defendendo sexualização e uso de drogas, estariam me idolatrando", declarou.

"Não defenderia [o trabalho infantil]. Mas eu trabalhei desde os oito anos de idade, quebrando milho, plantando milho com matraca, colhendo banana. E estudava. E hoje eu sou o que eu sou. Isso não é demagogia, isso é a verdade. [...] Quem era o capataz era um tal de Percy Geraldo Bolsonaro, que botava para ralar e estudar", disse em tom irônico se referindo ao pai.

Ele disse que, hoje em dia, "a gente vê um moleque fumando um paralelepípedo de crack e ninguém fala nada. Acha normal. Trabalhar enobrece. Não estou defendendo o trabalho infantil, muito menos escravo. Mas me fez muito bem trabalhar", declarou após evento militar, pela manhã de hoje (05).