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Operação Lava Jato

Lava Jato no Rio prende operador de "doleiro dos doleiros"

Mario Liebman chega à sede da Polícia Federal, no Rio - José Lucena
Mario Liebman chega à sede da Polícia Federal, no Rio Imagem: José Lucena

Marcela Lemos

Colaboração para o UOL, no Rio

09/07/2019 09h48Atualizada em 09/07/2019 10h23

A força-tarefa da Operação Lava Jato no Rio de Janeiro prendeu na manhã de hoje Mario Liebman, apontado como um dos operadores de Dario Messer, o 'doleiro dos doleiros', que está foragido desde maio de 2018.

Ele e o filho, Rafael Libman, que já foi casado com uma filha de Messer e segue foragido, são acusados de manter um esquema de lavagem de dinheiro operado há pelo menos oito anos em benefício de Messer.

Os mandados prisão temporária foram expedidos pela 7ª Vara Federal Criminal e são um desdobramento da Operação Câmbio, Desligo.

A ação pediu ainda a repatriação de R$ 270 milhões ligados ao esquema de lavagem de dinheiro que era chefiado pelo ex-governador do Rio, Sérgio Cabral, através da movimentação de recursos ilícitos no Brasil e no exterior.

De acordo com o MPF, Messer já teve bloqueado no Brasil um patrimônio milionário, incluindo obras de arte e apartamentos de luxo, além de cerca de US$ 100 milhões de dólares em dinheiro e imóveis no Paraguai.

"Seus filhos revelaram ao MPF um esquema de evasão de divisas encerrado a partir de acordo que possibilitou uma das maiores repatriações já feitas no Brasil", informou o MPF.

De acordo com as investigações, a parceria de Messer com os Libman usou as empresas Rali e Palazzo, cuja sede formal é a mesma da loja Marina Joias, localizada em Copacabana, na zona sul do Rio, na movimentação de R$ 31,8 milhões entre 2011 e 2016.

Parte do dinheiro, recebido entre 2012 e 2014, foi usado por Mario Libman para pagar obras na cobertura de Messer no Leblon, também na zona sul do Rio, e outra, de quase R$ 20 milhões, para comprar terrenos e construir imóveis no nome de suas empresas Rali e Palazzo dos Artistas. Três construtoras e três condomínios residenciais também foram pagos por meio do esquema.

"Há evidências de que as milionárias entregas de dinheiro de Messer a Rafael por intermédio do seu pai foram fundamentais para as empresas deles alavancarem de forma totalmente desproporcional, sem lastro lícito, investindo no mercado de construção e venda de imóveis, ou seja, inserindo na economia formal produto de crime", afirmam os procuradores da República da Força-tarefa Lava-Jato/RJ.

"Essa simbiose patrimonial entre Mario e Rafael Libman, advinda após a união estável entre este e Denise Messer [filha de Dario], é explicada tendo em vista que Dario Messer, ao mesmo tempo em que lavaria o seu dinheiro espúrio, também garantiria que a sua filha pudesse dispor de parte dos valores que amealhou em suas atividades de líder de organização criminosa voltada à lavagem e à evasão."

Repatriação de valores

A Justiça homologou ainda a imediata devolução de R$ 270 milhões pelo empresário Dan Wolf Messer, réu por evasão de divisas em esquema montado pela própria família. O acordo de colaboração celebrado com parentes de Dario Messer envolve ainda a devolução do equivalente a R$ 100 milhões em valores, imóveis e obras de arte, além de renúncia a bens e direitos decorrentes de herança da família.

"A repatriação dos valores mantidos em contas em Bahamas, Mônaco e Nova York vem avançando e cerca de R$ 240 milhões já estão à disposição da Justiça para serem revertidos aos cofres públicos", afirmou o MPF.

Os recursos foram repatriados em função do acordo de colaboração premiada de Dan Wolf Messer, homologado pela Justiça. O filho de Dario Messer é, desde 2015, o único beneficiário direto de um fundo aberto com aporte do avô Mordko Messer, pioneiro da família no mercado de câmbio ilegal.

Os valores em instituições financeiras no exterior tinham sido depositados em 2004 e nunca foram declarados às autoridades brasileiras. Além de recursos, o colaborador forneceu documentos como provas de corroboração dos crimes, que incluem extratos das contas estrangeiras.

Como parte do acordo, o MPF pediu à Justiça que o processo ao qual Dan Messer responderia por evasão de divisas fique suspenso durante dois anos. A suspensão está condicionada ao cumprimento de sete horas semanais de serviços à comunidade.

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