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GSI diz que tem celular seguro à disposição de Bolsonaro e cabe a ele usar

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, em Brasília

25/07/2019 12h32

O GSI (Gabinete de Segurança Institucional) informou hoje que disponibiliza ao presidente Jair Bolsonaro (PSL) um telefone seguro, com tecnologia que dificulta a ação de hackers, e que cabe ao mandatário decidir usá-lo ou não.

A resposta foi enviada à imprensa depois que o Ministério da Justiça e Segurança Pública confirmou que aparelhos usados por Bolsonaro foram alvos de ataques cibernéticos feitos pelo mesmo grupo suspeito de roubar dados do ministro Sergio Moro e do procurador Deltan Dallagnol. Quatro pessoas foram presas em ação da Operação Spoofing, realizada pela Polícia Federal na terça-feira (23).

"O GSI ratifica que disponibiliza ao governo federal, por intermédio da Agência Brasileira de Inteligência [Abin], um Terminal de Comunicação Seguro [TCS], com tecnologia da própria Agência, cabendo às autoridades optar pelo equipamento e operá-lo conforme suas necessidades funcionais", informou o GSI, em nota.

Segundo o Gabinete de Segurança Institucional, ministério vinculado ao Palácio do Planalto e que cuida da segurança pessoal do presidente, o telefone seguro possui funções de chamada de voz e troca de mensagens e arquivos, criptografados com algoritmos de estado.

No entanto, diferentemente dos celulares comuns, o TCS não permite a instalação de aplicativos comerciais como WhatsApp, Telegram, Twitter e Instagram.

Em conversas privadas, segundo a Folha de S. Paulo, Bolsonaro reclama que o aparelho protegido é pouco prático e não lhe dá acesso às redes sociais. O presidente é conhecido por usar as mídias digitais como plataforma política.

Mil celulares atacados

Na terça, policiais federais prenderam quatro suspeitos de invadir o celular de autoridades. Na versão da PF, os supostos hackers atacaram aproximadamente mil telefones celulares e participaram de fraudes bancárias.

Os investigadores apontaram "fortes indicativos" de que o telefone do ministro da Economia, Paulo Guedes, também foi alvo dos envolvidos.

"Nós estamos estimando que aproximadamente mil números telefônicos diferentes foram alvo dessa operação por essa quadrilha", disse o coordenador geral de inteligência da Polícia Federal, delegado federal João Vianey Xavier Filho, ao fazer apresentação à imprensa junto com o diretor do Instituto Nacional de Criminalística (INC), Luiz Spricigo Júnior.

Os presos na operação são Danilo Cristiano Marques, Gustavo Henrique Elias Santos, Suelen Priscila de Oliveira e Walter Delgatti Neto, apelidado de "Vermelho". Segundo a defesa de Elias Santos, Delgatti Neto teria dito ao amigo que a intenção era vender ao PT as mensagens "hackeadas" do celular de Moro. Ele não soube dizer se a venda se concretizou.

A defesa de Delgatti ainda não se manifestou publicamente. Ontem, ao Jornal da Globo, o advogado do suspeito não confirmou nem negou a informação sobre o suposto interesse em comercializar as mensagens. Disse que o caso está sob sigilo e que muitas informações ainda precisam ser esclarecidas.

Ontem, Moro parabenizou a ação da PF e afirmou que os presos seriam a fonte dos vazamentos ao site The Intercept Brasil, que desde junho tem publicado reportagens sobre mensagens trocadas entre o juiz e integrantes da força-tarefa da Lava Jato. Os responsáveis pelo site disseram que não fazem comentários sobre suas fontes. Até o momento, as autoridades que investigam o caso não confirmaram relação entre os detidos e os vazamentos publicados.

O governo Bolsonaro teve início em 1º de janeiro de 2019, com a posse do presidente Jair Bolsonaro (então no PSL) e de seu vice-presidente, o general Hamilton Mourão (PRTB). Ao longo de seu mandato, Bolsonaro saiu do PSL e ficou sem partido até filiar ao PL para disputar a eleição de 2022, quando foi derrotado em sua tentativa de reeleição.