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Bolsonaro discorda de dados da CNV, mas não vai revê-los, diz porta-voz

30.jul.2019 - Presidente Jair Bolsonaro - Isac Nóbrega/PR
30.jul.2019 - Presidente Jair Bolsonaro Imagem: Isac Nóbrega/PR

Guilherme Mazieiro

Do UOL, em Brasília

31/07/2019 19h38

O porta-voz do Palácio do Planalto, Otávio Rego Barros, afirmou hoje que o governo não pretende rever os dados da Comissão da Verdade. Em declaração à imprensa, ontem (30), o presidente Jair Bolsonaro (PSL) havia cogitado contestar o grupo, que apurou mortes e desaparecimentos no período da ditadura militar e apresentou seu relatório final em 2014.

"O governo não pretende rever dados da Comissão da Verdade, embora o senhor presidente não concorde com a maioria deles", disse Rego Barro no início da noite.

Na segunda-feira (29), Bolsonaro, que historicamente defende o regime militar, atacou o presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, ao perguntar se ele queria saber o que tinha acontecido com seu pai, Fernando Augusto de Santa Cruz, um dos desaparecidos políticos da ditadura.

Hoje, Felipe e outros ex-presidentes da instituição ingressaram no STF (Supremo Tribunal Federal) com pedido de explicações por parte de Bolsonaro sobre as declarações.

Ao abordar o tema para jornalistas, ontem, Bolsonaro desqualificou o trabalho da comissão.

"Quem sabe a gente possa (contestar a CNV). Não é questionar. Se gastou R$ 5 bilhões, dinheiro público do povo que trabalha, para quem nunca trabalhou. Não pretendo mexer no passado, pretendo respeitar a lei da anistia de 79, esse é o meu sentimento, acho que tem que ser respeitado", afirmou o presidente.

O governo Bolsonaro teve início em 1º de janeiro de 2019, com a posse do presidente Jair Bolsonaro (então no PSL) e de seu vice-presidente, o general Hamilton Mourão (PRTB). Ao longo de seu mandato, Bolsonaro saiu do PSL e ficou sem partido até filiar ao PL para disputar a eleição de 2022, quando foi derrotado em sua tentativa de reeleição.