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Após atacar Bachelet, Bolsonaro é assunto no Twitter do Brasil e do Chile

Bolsonaro voltou a elogiar ações da ditadura chilena - Reuters
Bolsonaro voltou a elogiar ações da ditadura chilena Imagem: Reuters

Do UOL, em São Paulo

05/09/2019 09h30

A hashtag #BoslonaroMiserable amanheceu nos trending topics do Twitter hoje tanto no Brasil quanto no Chile. Após o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, atacar a ex-presidente chilena e atual alta comissária da ONU para Direitos Humanos, Michelle Bachelet, chilenos e brasileiros se uniram para rechaçar a fala, enquanto houve quem apoiasse.

O assunto esteve entre os mais comentados no Twitter chileno durante a madrugada, atingindo a primeira posição entre as 3h e as 5h da manhã no horário brasileiro, de acordo com o site Trends24. Diversos chilenos escreveram contra a fala de Bolsonaro sobre o pai de Bachelet, morto durante a ditadura de Pinochet.

Em resposta, chilenos que apoiaram o ataque de Bolsonaro tentaram subir a hashtag #GrandeBolsonaro, mas ela não chegou à primeira posição. Assuntos como Bachelet, Allende, Pinochet e DDHH (Direitos Humanos) também estiveram entre os mais comentados no país.

No Brasil, #BolsonaroMiserable entrou nos Top 10 há cerca de 1 hora e logo atingiu o primeiro lugar. Brasileiros escreveram mensagens de apoio aos chilenos e contra a declaração de Bolsonaro, dizendo não representar seus pensamentos.

Ataque a Alberto Bachelet

Ontem, Bolsonaro respondeu a uma crítica de Michelle Bachelet sobre o Brasil. Ela disse que o Brasil sofre uma "redução do espaço democrático", especialmente com ataques contra defensores da natureza e dos direitos humanos.

Em resposta, o presidente escreveu: "Michelle Bachelet, seguindo a linha de Macron em se intrometer nos assuntos internos e na soberania brasileira, investe contra o Brasil na agenda de direitos humanos (de bandidos), atacando nossos valorosos policiais civis e militares.

"Diz ainda que o Brasil perde espaço democrático, mas se esquece que seu país só não é uma Cuba graças aos que tiveram a coragem de dar um basta à esquerda em 1973, entre esses comunistas o seu pai brigadeiro à época", acrescentou Bolsonaro.

Alberto Bachelet era general da Força Aérea e se opôs ao golpe dado por Augusto Pinochet em 1973. Ele foi preso e torturado pelo regime e morreu em março de 1974, aos 50 anos, quando estava sob custódia. Segundo um relatório do Serviço Médico Legal, ele morreu vítima dos maus-tratos sofridos.

Em 2014, a Justiça condenou à prisão dois coronéis aposentados da Aeronáutica acusados de provocar sua morte.

O presidente do Chile, Sebastián Piñera, que é um aliado de Bolsonaro, rejeitou a fala. "Não compartilho a alusão feita pelo presidente Bolsonaro a uma ex-presidente do Chile e, especialmente, num assunto tão doloroso quanto a morte de seu pai", disse em comunicado público no Palácio do Governo.

"É de público conhecimento meu permanente compromisso com a democracia, a liberdade e o respeito aos direitos humanos em todo o tempo, em todo lugar e em toda circunstância", acrescentou.

O governo Bolsonaro teve início em 1º de janeiro de 2019, com a posse do presidente Jair Bolsonaro (então no PSL) e de seu vice-presidente, o general Hamilton Mourão (PRTB). Ao longo de seu mandato, Bolsonaro saiu do PSL e ficou sem partido até filiar ao PL para disputar a eleição de 2022, quando foi derrotado em sua tentativa de reeleição.