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Bolsonaro age como se não entendesse papel da diplomacia, diz Míriam Leitão

A jornalista Miriam Leitão - Divulgação/TV Globo
A jornalista Miriam Leitão Imagem: Divulgação/TV Globo

Do UOL, em São Paulo

05/09/2019 09h42

A jornalista Míriam Leitão disse hoje que o presidente Jair Bolsonaro se comporta como se não entendesse qual é o papel da diplomacia e que as consequências das declarações dele para a política externa do Brasil são "desastrosas". Ela se referia ao ataque feito ontem pelo presidente ao pai da alta comissária da ONU para Direitos Humanos, Michelle Bachelet, torturado e morto pela ditadura chilena.

Em comentário feito sobre o assunto no Bom Dia Brasil, da TV Globo, Míriam disse que a fala de Bolsonaro revoltou todas as correntes políticas chilenas. O presidente do país, Sebastián Piñera, um dos principais aliados de Bolsonaro na região, disse não compactuar com a declaração.

"(As consequências) são desastrosas porque nesse caso, por exemplo, acabou ferindo o Chile de forma geral, que é um parceiro independentemente de qual seja o presidente. Ele já atacou o Chile, a Noruega, que é nosso financiador no combate ao desmatamento na Amazônia, a Alemanha, a França. O presidente se comporta como se não entendesse qual o papel da diplomacia", falou a jornalista.

Míriam também criticou o papel do Itamaraty que, segundo ela, deveria atuar para "aparar as arestas" em casos como este. "O Itamaraty, em vez de proteger o país e fazer o papel de aparar as arestas, acaba secundando o presidente e repetindo as mesmas coisas", disse.

"A política externa do governo Bolsonaro está escolhendo o isolamento, e o Brasil sempre foi aquele país que fala com todos. Brasília é uma das maiores capitais diplomáticas porque todo mundo tem representação, o Brasil sempre foi isso. Essa é a nossa vantagem como política externa e estamos perdendo, infelizmente", concluiu ela.

A declaração de Bolsonaro foi uma resposta à crítica feita por Bachelet. Durante entrevista coletiva em Genebra, ela disse que o Brasil sofre uma "redução do espaço democrático", especialmente com ataques contra defensores da natureza e dos direitos humanos.