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"Bolsonaro deve pensar em gestão, e não em reeleição", diz Doria

3.jul.2019 - O presidente Jair Bolsonaro (à esq.) e o governador de São Paulo, João Doria, participam de solenidade de passagem do Comando Militar do Sudeste, em São Paulo - ADRIANA SPACA/FRAMEPHOTO/FRAMEPHOTO/ESTADÃO CONTEÚDO
3.jul.2019 - O presidente Jair Bolsonaro (à esq.) e o governador de São Paulo, João Doria, participam de solenidade de passagem do Comando Militar do Sudeste, em São Paulo Imagem: ADRIANA SPACA/FRAMEPHOTO/FRAMEPHOTO/ESTADÃO CONTEÚDO

Talita Marchao e Lucas Borges Teixeira

Do UOL, em São Paulo, e colaboração para o UOL, em São Paulo

09/09/2019 15h16

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB-SP), alfinetou o presidente Jair Bolsonaro (PSL), afirmando que não é hora de pensar em eleição e antecipar o processo eleitoral.

"Não é hora de eleição. Antecipar o processo eleitoral é desnecessário. Continuo confiando que ele fará um bom governo, mas deve focar na gestão de seu governo, e não na eleição", afirmou.

Apesar de defender que este é o momento de governar para os eleitores, Doria discursou quase em tom de campanha presidencial. Nome forte para disputar a Presidência em 2022, criticou a proposta federal de criar um imposto nos moldes da CPMF, como defende o ministro da economia, Paulo Guedes.

"Por ser liberal, nosso governo [paulista] não cria impostos. É um governo que reduz impostos", declarou Doria. "Eu tenho um enorme respeito pelo ministro [da Economia] Paulo Guedes, mas não me pergunte se sou a favor da CPMF: vai ouvir um 'não'", disse o governador durante evento em São Paulo.

Doria aproveitou o evento para expor as conquistas da sua gestão à frente do governo de São Paulo e se reafirmou como "um liberal por formação e convicção".

"Nosso governo é descentralizado, delegador", declarou Doria. "Aprendi na iniciativa privada que gestores centralizadores têm resultados pífios, ruins. No setor público, governos centralizadores não produzem o mesmo resultado de governos descentralizadores."

O governador de São Paulo afirmou ainda que o Congresso continuará a ser o protagonista do governo, principalmente no andamento das agenda de reformas, como a da Previdência.

"Temos um Congresso responsável e dois líderes importantes. Rodrigo Maia (DEM-RJ) tem sido um líder competente e equilibrado na Câmara. No Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP) também tem demonstrado uma boa gestão. Acredito que o Legislativo possa, até mais do que o Executivo, conduzir este processo, com a participação dos governadores."

Doria defende que a reforma previdenciária seja aprovada com a participação dos estados e municípios até outubro. E na sequência a reforma tributária.

O governador criticou ainda a atitude de Bolsonaro ao ofender a primeira-dama da França, Brigitte Macron. "Não se faz isso com nenhuma mulher, ainda mais com a mulher de um presidente. É um mau exemplo", disse o governador. "Espero que ele possa ter um gesto de grandeza e brigue menos", afirmou.

"O Brasil tem problemas graves na Europa hoje, dada a questão ambiental. Na Alemanha, na França, na Espanha, na Itália, e até mesmo em Portugal. Houve um reação ruim não só no mundo político, mas também no empresarial", argumentou Doria.

Ele afirmou que o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, não é uma pessoa "beligerante". Ele participou de um evento com empresários em SP hoje, e a recomendação dada a ele foi a de dar um passo atrás, dialogar. "O diálogo é um bom caminho."

"Ministério público é poder paralelo"

Doria aproveitou o evento ainda para criticar o Ministério Público. "Nunca vi isso. É um poder paralelo, não foi eleito por ninguém e tem um poder sobre o qual ninguém legisla, ninguém julga. Um promotor público toma uma decisão e a decisão dele é plena", disse o governador.

"Aqui em São Paulo tem promotor público que coloca o dedo em nariz de prefeito e diz: 'Você vai fazer isso ou coloco você fora da sua condição de prefeito eleito democraticamente'. O MP é algo que precisa ser revisto, não pode ter um poder absoluto no Brasil, isso não existe. São três Poderes, não se pode ter um quarto Poder paralelo".