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Lula chama nova denúncia de "descabida" e associa a vazamento da Lava Jato

O ex-presidente Lula  - Miguel Schincariol - 7.abr.2018/AFP
O ex-presidente Lula Imagem: Miguel Schincariol - 7.abr.2018/AFP

Do UOL, em São Paulo

09/09/2019 18h09Atualizada em 10/09/2019 12h19

A defesa de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que a nova denúncia da Lava Jato, que investiga uma suposta mesada da Odebrecht para Frei Chico, irmão do ex-presidente, é "descabida" e a relacionou com a divulgação mais recente de diálogos privados entre integrantes da Operação Lava Jato recebidos pelo The Intercept Brasil.

"Lula jamais ofereceu ao Grupo Odebrecht qualquer 'pacote de vantagens indevidas', tanto é que a denúncia não descreve e muito menos comprova qualquer ato ilegal praticado pelo ex-presidente", analisa a defesa em nota.

"Mais uma vez o Ministério Público recorreu ao subterfúgio do 'ato indeterminado', numa espécie de curinga usado para multiplicar acusações descabidas contra Lula", completa. "O ex-presidente também jamais pediu qualquer vantagem indevida para si ou para qualquer de seus familiares. A denúncia sai no dia seguinte de graves revelações pelo jornal Folha de S. Paulo de atuação ilegal da Lava Jato contra Lula, mostrando a ocultação de provas de inocência e ação indevida e ilegal voltada a romper a democracia no país."

A Lava Jato denunciou hoje Lula e seu irmão, Frei Chico, por corrupção passiva continuada. Os donos da Odebrecht, Emilio e Marcelo Odebrecht, e o ex-diretor da empresa, Alexandrino de Salles Ramos Alencar, foram denunciados por corrupção ativa continuada. Leia a íntegra da denúncia.

A peça foi apresentada à 7ª Vara Federal Criminal de São Paulo, a quem caberá tornar ou não réus os cinco denunciados.

Segundo o MPF, Lula, "de modo consciente e voluntário, solicitou e/ ou - no mínimo conscientemente - recebeu, para e por seu irmão, entre 2003 e 2015, vantagens financeiras indevidas, em razão do cargo de Presidente da República que exerceu entre 2003 e 2010, entregues de forma contínua, parcelada e em espécie, no montante total aproximado de R$ 1.131.333,12 (um milhão, cento e trinta e um mil, trezentos e trinta e três reais e doze centavos) em valores atuais".

Em fevereiro de 2018, em depoimento à Polícia Federal, Lula negou envolvimento em qualquer irregularidade sobre a suposta "mesada" paga pela empreiteira Odebrecht a seu irmão.

Em nota, a Odebrecht afirmou que está "comprometida com uma atuação ética, íntegra e transparente, tem colaborado com as autoridades de forma permanente e eficaz, em busca do pleno esclarecimento de fatos do passado".

Irmão mais velho de Lula e ex-militante do Partido Comunista, Frei Chico foi o responsável por despertar o interesse do ex-presidente pela política e iniciar o petista no mundo sindical.