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Eduardo Bolsonaro: "Onda conservadora começa a impactar a ONU"

O chanceler Ernesto Araújo durante a reunião de líderes de direita - Divulgação/ MRE
O chanceler Ernesto Araújo durante a reunião de líderes de direita Imagem: Divulgação/ MRE

Igor Mello

Do UOL, no Rio

29/09/2019 17h57

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL), filho do presidente Jair Bolsonaro (PSL), afirmou hoje no Twitter que uma "onda conservadora começa a impactar a ONU". O comentário foi feito ao compartilhar o relato de uma reunião do chanceler brasileiro, Ernesto Araújo, com representantes de países comandados por presidentes de direita e extrema-direita, na sede da ONU, na última sexta-feira. O objetivo do encontro era discutir a perseguição de cristãos, sobretudo no Oriente Médio.

O deputado federal foi indicado pelo pai para comandar a embaixada brasileira nos EUA —ele depende da aprovação do Senado para assumir o cargo. Eduardo tem se dedicado à articulação de uma frente internacional de direita. Na semana passada, ele se encontrou com Steve Bannon —ex-estrategista de Trump e um dos principais líderes conservadores do mundo.

Na prática, o encontro reuniu governos de direita e extrema-direita com os quais o presidente Jair Bolsonaro já demonstrou ter alinhamento. Segundo o observador permanente da Santa Sé na ONU, a reunião foi articulada pela Hungria, comandada pelo primeiro ministro Viktor Orbán —considerado um dos principais líderes da extrema-direita mundial. Também participou a Polônia, outro governo populista de direita.

Outro governo que marcou presença na reunião foi o das Filipinas. Governado desde 2016 por Rodrigo Duterte, o país asiático vem movendo uma violenta cruzada contra as drogas que já resultou em mais de 5.300 mortes pelas mãos do Estado, segundo dados oficiais citados em relatório da Anistia Internacional. Em julho, o governo brasileiro votou contra uma resolução da ONU para investigar as mortes no regime de Duterte. O Líbano também compareceu à reunião.

Participaram ainda representantes dos governos dos Estados Unidos, de Donald Trump, e do Reino Unido, do líder pró-Brexit Boris Johnson. Trump é o principal aliado de Bolsonaro na esfera internacional. Em seu discurso na abertura da Assembleia Geral da ONU, na última terça (24), Bolsonaro elogiou o presidente americano.

Representante do governo Bolsonaro no encontro, Ernesto Araújo também comentou a questão.

"Junto com a Hungria e outras nações o Brasil está colocando o enfrentamento da perseguição aos cristãos na agenda internacional. A desvalorização do cristianismo pela cultura politicamente correta nos próprios países de maioria cristã é grande parte do problema", disse.

A perseguição de cristãos no Oriente Médio por grupos terroristas como o Estado Islâmico e a Al Qaeda é um argumento frequente de grupos ultranacionalistas contra a imigração islâmica para a Europa Ocidental e os Estados Unidos. No Brasil, é mencionada frequentemente por lideranças evangélicas próximas de Bolsonaro, como Silas Malafaia.