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Caso Marielle

MP diz que versões de réus por morte de Marielle ajudam provas da acusação

O policial militar reformado Ronnie Lessa, 48, acusado de efetuar dos disparos que mataram a vereadora Marielle Franco  - Reprodução/SBT
O policial militar reformado Ronnie Lessa, 48, acusado de efetuar dos disparos que mataram a vereadora Marielle Franco Imagem: Reprodução/SBT

Marina Lang

Colaboração para o UOL, no Rio de Janeiro

05/10/2019 15h13

O MP-RJ (Ministério Público do Rio) divulgou uma nota neste sábado (5) sobre os depoimentos do sargento reformado da PM Ronnie Lessa e o ex-PM Élcio Queiroz, réus pelo assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do seu motorista Anderson Gomes em 14 de março do ano passado. Ambos negaram a participação no atentado no 1º depoimento prestado após as prisões, em audiência na 4ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio ontem.

Na nota, o MP do Rio diz que as acusações foram negadas de maneira genérica por ambos, e que as versões apresentadas apenas reforçam as provas coletadas no curso das investigações.

"Em relação à audiência envolvendo os réus do Caso Marielle e Anderson, o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO/MPRJ) informa que os réus negaram genericamente a autoria", diz o comunicado.

O texto prossegue dizendo que Simone Sibilio e Leticia Emile, promotoras que capitaneiam as investigações, avaliaram as versões dos acusados pela emboscada como inconsistentes.

"As promotoras de Justiça que estavam presentes na audiência avaliam que as inconsistentes versões apresentadas pelos réus só robusteceram as provas no sentido da acusação", afirma a nota.

"É muito comum os réus, no exercício da autodefesa, negarem a autoria do fato, além de criarem versões falsas na tentativa de desacreditar as acusações. Pontos concretos da audiência não podem ser abordados no momento em razão do sigilo", finalizou o MP.

Audiência ontem

Com atrasos, a audiência durou cerca de 2h30 ontem. Os dois réus pelo duplo homicídio foram inquiridos pelo magistrado por meio de videoconferência — ambos estão presos na Penitenciária Federal de Porto Velho, em Rondônia. O acesso à imprensa foi vetado porque as investigações do caso, que ainda apuram os eventuais mandantes dos assassinatos, correm sob sigilo.

Marinete da Silva e Antônio Francisco da Silva, pais de Marielle, acompanharam os depoimentos dos acusados. Tanto Monica Benício quanto Agatha Arnaus, viúvas de Marielle e Anderson, respectivamente, foram representadas por advogadas e pela Defensoria Pública.

Também estavam presentes a mulher de Élcio, Suzana Souza, e a filha de ambos, Thayná Queiroz.

Na última quinta-feira (3), a mulher de Ronnie Lessa foi presa pela Polícia Civil e pelo Ministério Público do Rio sob acusação de obstruir as investigações. Ela é suspeita de ser a mentora do descarte de fuzis no mar após a prisão do marido. Seu irmão e mais duas pessoas foram presos por tentar atrapalhar o trabalho da polícia.

Daniel Rosa, titular da DH, acompanhou os depoimentos, mas saiu da audiência sem falar com a imprensa, acrescentando apenas que as investigações sobre o caso continuam.

Henrique Telles, responsável pela defesa de Élcio, classificou o depoimento do cliente como "muito bom".

"O depoimento do Élcio foi muito bom. Ele esclareceu alguns pontos que estavam nebulosos, não para a defesa, mas para o Ministério Público. Ele reafirmou sua inocência e o Ministério Público segue, tentando provar, que meu cliente foi motorista naquele carro sem que meu cliente estivesse naquele carro. Na verdade, no dia e na hora do crime, o meu cliente estava na Barra da Tijuca, no Resenha [Grill, um restaurante localizado na Barra], desde às 20h até 3h [do dia seguinte]. Ele tinha chegado na Barra por volta das 17h. Isso foi comprovado com o celular do meu cliente. Lá na Barra ele estava emitindo dados, mensagens, Whatsapp", declarou o advogado.

Procurado pelo UOL, Fernando Santana, responsável pela defesa de Lessa, ainda não se manifestou.

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