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Jair Bolsonaro afirma querer abrir a "caixa preta" do PSL

Jair Bolsonaro fala com a imprensa antes de Palmeiras x Botafogo, no Pacaembu - Gabriel Carneiro/UOL
Jair Bolsonaro fala com a imprensa antes de Palmeiras x Botafogo, no Pacaembu Imagem: Gabriel Carneiro/UOL

Gabriel Carneiro

Do UOL, em São Paulo

12/10/2019 21h10

Resumo da notícia

  • Jair Bolsonaro diz que quer transparência no uso da verba do partido
  • Pedido de prestação de contas veio depois de crise com Luciano Bivar
  • Presidente não falou em deixar o PSL, porque crê poder influenciar eleições em 2020

O presidente Jair Bolsonaro afirmou na noite de hoje que deseja abrir a "caixa preta" de seu partido, PSL, em relação ao uso dos recursos do fundo partidário. Ontem, ele assinou um documento junto com outros 19 parlamentares no qual pede que a sigla aja com transparência e afirma que as contas partidárias estão em situação grave.

"A gente quer transparência. Eu não quero que estoure um problema e depois a imprensa me culpe 'ah, você não sabia?". [É necessário] Abrir a caixa preta para que o partido honre a bandeira que a gente tinha lá atrás", disse o presidente, no estádio Pacaembu, onde assistiu à partida entre Palmeiras e Botafogo, pelo Campeonato Brasileiro.

"Não pode chegar e pegar uma verba de R$ 8 milhões por mês, dinheiro público, e aí uma minoria decide o que fazer com esse recurso. Por mim nem teria esse fundo partidário. Eu me elegi gastando R$ 2 milhões porque fiz uma vaquinha virtual."

Questionado sobre o que espera encontrar nas contas de seu partido, o presidente diz sua expectativa é a de que "não haja nada ilegal".

Crise no PSL

O presidente tornou pública nesta terça-feira (8) uma crise com o comando do partido pelo qual se elegeu no ano passado. Ele também está mal com o presidente nacional da legenda, o deputado federal Luciano Bivar (PE).

Segundo pessoas ligadas ao presidente da República, congressistas da sigla e assessores, a irritação de Bolsonaro se deve a uma disputa pelo controle do PSL e ao controle dos R$ 103 milhões que o partido receberá do Fundo Partidário ao longo de 2019.

O mandato atual de Bivar termina em novembro deste ano. Ele preside a sigla desde 1998, quando o PSL obteve o registro na Justiça Eleitoral.

O grupo próximo ao presidente diz que ele quer "refundar" a legenda, melhorando as práticas de transparência e combate e adesão a políticas contra a corrupção. Já congressistas ligados a Bivar agora acusam o grupo do presidente de agir de forma autoritária e de desejar o controle total do PSL.

A crise ficou pública na manhã de terça-feira, quando Bolsonaro foi abordado por um jovem simpatizante do Recife, em frente ao Palácio da Alvorada. O garoto diz a Bolsonaro que é filiado ao PSL em Recife e pede para gravar um vídeo.

Bolsonaro (ao ouvido do jovem): Esquece o PSL. Tá ok? Tá? Esquece.

Simpatizante (olhando para a câmera do celular): Eu, Bolsonaro e (o deputado federal e presidente do PSL, Luciano Bivar). Juntos por um novo Recife. Aêêê!

Bolsonaro (com expressão de chateado): Ô cara, não divulga isso não. Ele (Bivar) tá queimado pra caramba lá... tsc. Entendeu? Vai queimar meu filme também. Esquece esse cara.

Simpatizante: Eu vou esquecer, vou esquecer.

Bolsonaro: Esquece o partido.

Saída do PSL

O PSL tenta acertar uma reunião de lideranças do partido com o presidente Jair Bolsonaro para tentar debelar a crise que pode resultar na saída do presidente.

O senador Major Olímpio (PSL-SP) disse que algumas lideranças vão se reunir no início desta semana com Bolsonaro para pedir uma definição sobre seu futuro no partido.

No Pacaembu, o presidente não quis responder se pensa em deixar o partido.

"Eu não vou entrar nessa. Por exemplo, se eu estiver bem como estou hoje, posso influenciar nas eleições municipais. Eu quero ter o poder de vetar nomes [de candidatos]. Eu não abro mão de vetar nomes. Eu sei como funciona a política."

O governo Bolsonaro teve início em 1º de janeiro de 2019, com a posse do presidente Jair Bolsonaro (então no PSL) e de seu vice-presidente, o general Hamilton Mourão (PRTB). Ao longo de seu mandato, Bolsonaro saiu do PSL e ficou sem partido até filiar ao PL para disputar a eleição de 2022, quando foi derrotado em sua tentativa de reeleição.