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Celso de Mello critica Bolsonaro após vídeo sobre hienas: "Grosseiro"

Presidente da República, Jair Bolsonaro conversa com a Imprensa - José Dias/PR
Presidente da República, Jair Bolsonaro conversa com a Imprensa Imagem: José Dias/PR

Do UOL, em São Paulo

28/10/2019 21h23

O ministro Celso de Mello, do STF, declarou ser evidente o "atrevimento" do presidente Jair Bolsonaro (PSL) após vídeo postado no Twitter associando a Suprema Corte a hienas.

As imagens comparam o presidente da República a um leão cercado por hienas, que são descritas como seu próprio partido, o PSL, além de STF, veículos de imprensa, movimento feminista, ONU, OAB, MBL, Greenpeace, Lei Rouanet, CUT e partidos de oposição ao governo (PT, PSDB e PCdoB). Posteriormente, o vídeo foi deletado da conta do presidente (mas pode ser visto acima).

Mello declarou que a comparação por parte do STF é grosseira e falsamente o aponta como um opositor do presidente.

"A ser verdadeira a postagem feita pelo Senhor Presidente da República em sua conta pessoal no Twitter, torna-se evidente que o atrevimento presidencial parece não encontrar limites na compostura que um Chefe de Estado deve demonstrar no exercício de suas altas funções, pois o vídeo que equipara, ofensivamente, o Supremo Tribunal Federal a uma 'hiena' culmina, de modo absurdo e grosseiro, por falsamente identificar a Suprema Corte como um de seus opositores", apontou o ministro em nota.

Bolsonaro desconhece a separação dos poderes, afirmou ainda o ministro, e salientou que o presidente não está acima da Constituição.

"Esse comportamento revelado no vídeo em questão, além de caracterizar absoluta falta de 'gravitas' e de apropriada estatura presidencial, também constitui a expressão odiosa (e profundamente lamentável) de quem desconhece o dogma da separação de poderes e, o que é mais grave, de quem teme um Poder Judiciário independente e consciente de que ninguém, nem mesmo o Presidente da República, está acima da autoridade da Constituição e das leis da República."

Por fim, Mello declarou que Bolsonaro não é um "monarca presidencial" e o Brasil não é uma selva.

"É imperioso que o Senhor Presidente da República —que não é um "monarca presidencial", como se o nosso país absurdamente fosse uma selva na qual o Leão imperasse com poderes absolutos e ilimitados— saiba que, em uma sociedade civilizada e de perfil democrático, jamais haverá cidadãos livres sem um Poder Judiciário independente, como o é a Magistratura do Brasil", concluiu.

O governo Bolsonaro teve início em 1º de janeiro de 2019, com a posse do presidente Jair Bolsonaro (então no PSL) e de seu vice-presidente, o general Hamilton Mourão (PRTB). Ao longo de seu mandato, Bolsonaro saiu do PSL e ficou sem partido até filiar ao PL para disputar a eleição de 2022, quando foi derrotado em sua tentativa de reeleição.