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Janaina, sobre AI-5: fala tão ruim quanto a de esquerdistas sobre Venezuela

Do UOL, em São Paulo

04/11/2019 22h58

A deputada estadual Janaina Paschoal (PSL-SP), voltou a comentar sobre a fala do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) sobre a possibilidade de um novo AI-5. Ela fez críticas à postura do deputado, mas ressaltou que a declaração é tão ruim como a de "políticos esquerdistas que dizem que a Venezuela não é uma ditadura sanguinária".

Em uma entrevista ao canal da apresentadora Leda Nagle no YouTube, Eduardo afirmou que caso a esquerda "se radicalize", "vamos precisar ter uma resposta, e uma resposta pode ser via um novo AI-5, pode ser via uma legislação aprovada através de plebiscito, como aconteceu na Itália".

"Uma fala absolutamente inapropriada, descabida, mas como numa fala passível de se conviver numa verdadeira democracia. Não concordo, entendo que a reação que houve, imediata, de várias pessoas, autoridades, foram positivas, porque é importante deixar claro que nenhum tipo de movimento autoritário seria admitido no país, mas vejo uma fala tão ruim como uma fala dos políticos esquerdistas que dizem que a Venezuela não é uma ditadura sanguinária como efetivamente é, até passa de ditadura, passa a ser um totalitarismo", disse em entrevista ao Roda Viva, da TV Cultura.

Janaina também declarou que acredita que os filhos do presidente Jair Bolsonaro (PSL) e mais alguns políticos do PSL enxergam a ditadura militar (1964-1985) com saudosismo. Apesar disso, ela crê que é completamente inviável que uma ditadura seja instaurada no País.

"Acho que eles acreditam nisso mesmo, eles nunca mentiram durante a campanha, inclusive. Mas o país tem instituições fortes o suficiente para que fique claro que não tem espaço para isso. Mas que eles pensam muito com esse saudosismo de 64, até tenho insistido muito na Assembleia, porque parte da bancada do PSL é saudosista com relação a 64, que faz uma releitura. Várias vezes os embates são cômicos, porque é um grupo dizendo que Chaves e Maduro não são o que são e que a ditadura não foi ditadura. Mas eles (filhos do Bolsonaro) pensam, não acho que tenham o desejo porque é absolutamente inviável, inconstitucional, mas que ele tem uma visão de que a ditadura foi algo positivo, para fazer reforma precisa de força. Se eu te disser que eles não pensam assim, eu estaria indo contra as evidências", declarou.

A deputada ainda foi questionada sobre o risco do "bolsonarismo" ser como o "petismo". Segundo Janaína, não há esse risco pelo "petismo" estar enraizado na sociedade, diferente da política de Bolsonaro, que não tem o apoio dos formadores de opinião. A política aproveitou para dizer que deputados de esquerda que se sentem vítimas de agressividade do governo atual também têm falas muito agressivas.

"Não vejo esse risco, porque o petismo está muito enraizado nas instituições, nos órgãos públicos, nas universidades, na imprensa. Tanto é que o totalitarismo petista é pouco percebido. É muito comum colegas, deputados de esquerda, que têm falas muito agressivas, se sentirem vítimas da agressividade que eles enxergam no bolsonarismo. E não é incomum formadores de opinião se incomodarem com a truculência bolsonarista, mas não perceberem nada no petismo", afirmou.

"Posso dizer que eu não vejo risco, mas não quer dizer que vejo como bom. Nós estamos perdendo uma oportunidade de fazer efetivamente esse governo ter um significado que não está tendo, por conta desse extremismo. Por conta dessa necessidade de adesão: se você não concordar com tudo, você está contra. Essa dinâmica dessa desconfiança absoluta com todo mundo, isso vai gerar um isolamento. Então, vejo menos risco das instituições com eles do que com o petismo, porque não tem suporte."