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Osmar Terra: Bolsonaro instruiu ministros a não falar sobre 2ª instancia

O ministro da Cidadania do governo Bolsonaro, Osmar Terra - FATIMA MEIRA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
O ministro da Cidadania do governo Bolsonaro, Osmar Terra Imagem: FATIMA MEIRA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Do UOL

08/11/2019 14h56

Em entrevista concedida à Rádio Gaúcha na manhã de hoje, o ministro da Cidadania Osmar Terra disse que o presidente Jair Bolsonaro instruiu ministros a não se manifestar sobre a decisão tomada ontem pelo Supremo Tribunal Federal de derrubar a prisão de condenados em 2ª instância.

Terra disse que não esteve com Bolsonaro após a decisão, crava ontem por volta das 21h30, mas que antes da votação ele já havia pedido que ministros não marcassem posição em relação ao tema.

"Ele se manifestou antes da votação, em uma reunião de ministros, e disse que nós não iríamos tomar posição em relação ao julgamento, que o governo não iria se manifestar", declarou.

"A manifestação que podemos ter é pessoal, não de governo. Eu sou a favor da prisão da segunda instância, sempre fui, eu acho que é a maneira de reduzir a impunidade, mas isso é minha opinião pessoal, não de governo. A consequência [do fim da prisão em 2ª instância] vai ser a impunidade dos ricos enquanto os pobres, que não vão ter condições de contratar advogados caros, que fiquem empurrando a decisão com a barriga, serão punidos", defendeu, sem citar a possível soltura do ex-presidente Lula.

O ministro se encontraria no início da manhã com o presidente, mas alegou que a reunião foi cancelada por conta de mudanças na agenda de Bolsonaro.

Posse de Alberto Fernández

Osmar Terra confirmou que será o representante do Brasil na posse do presidente eleito da Argentina Alberto Fernández, que tem a ex-presidente Cristina Kirchner como vice.

Seu nome foi anunciado por Bolsonaro nesta semana, depois que o presidente e o vice-presidente Hamilton Mourão disseram que não estariam presentes na posse — o atual governo é abertamente contrário ao kirchnerismo.

À Rádio Gaúcha, Terra negou que sua escolha tenha sido um ato de "desprestígio" de Bolsonaro e Mourão, mas uma questão estratégica.

"Gostaria de esclarecer que a minha ida surgiu de uma conversa minha com o presidente, preocupado com a parceria econômica a com a Argentina", afirmou Terra. "Eu sou da fronteira do Rio Grande do Sul com a Argentina e sei que muitas empresas dependem desse comércio. Por isso comentei que era importante manter o canal aberto para evitar quer isso [a troca de governo] contamine a relação comercial com a Argentina, que é o terceiro maior parceiro comercial. Bolsonaro disse 'então tu vai lá e me representa'".

O ministro disse que não tem muitos compromissos agendados no país, mas que deve começar a conversar com representantes da economia argentina.

Secretaria da Cultura

Questionado sobre a transferência da Secretaria da Cultura do Ministério da Cidadania, que Terra comenda, à pasta do Turismo, o ministro disse que a mudança aconteceu a seu pedido.

"A cultura é uma área que vem com problemas há décadas, tem 18 mil prestações de conta atrasadas das leis de incentivo, tem que montar um exército para resolver", disse, dizendo que a pasta também tem "uma disputa ideológica enorme" e que é acusado em "três ou quatro processos de censura".

"[O Ministério] ficou realmente grande e uma área especifica, que é a cultura, estava me consumindo um tempo gigantesco", disse.