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Glenn no NYT: ataque de Augusto Nunes é retrato do Brasil de Bolsonaro

Augusto Nunes agride Glenn Greenwald na Jovem Pan - Reprodução
Augusto Nunes agride Glenn Greenwald na Jovem Pan Imagem: Reprodução

Do UOL, em São Paulo

25/11/2019 17h03

O jornalista Glenn Greenwald escreveu um artigo hoje para o New York Times afirmando que a agressão que sofreu de Augusto Nunes ao vivo é o retrato do atual Brasil sob o comando do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Para o editor do The Intercept Brasil, o episódio apenas ilustrou como a liberdades de imprensa e a ordem democrática no Brasil estão ameaçadas — "não apenas com palavras, mas com violência" - por esse movimento que ele caracteriza como "autoritário".

No texto, o norte-americano relata os desentendimentos anteriores que teve com Nunes, e afirma que os ataques são condizentes com o tratamento que Bolsonaro dá à comunidade LGBT no Brasil.

"Durante os seis meses do trabalho do Intercept no governo de Bolsonaro, o líder de direita não só repetidamente e publicamente me ameaçou com a prisão, mas também acusou explicitamente a mim e a meu marido de ter um casamento falso e de ter adotado crianças brasileiras como uma fraude, a fim - afirmou ele - para me permitir evitar ser deportado", escreveu Glenn.

O norte-americano ainda critica a família Bolsonaro e Olavo de Carvalho — a quem ele chama de "guru" do governo — de apoiar explicitamente a violência. "[Era um tema comum de discussão] Que a violência contra mim fosse pior na próxima vez — não um tapa, mas um soco de punho fechado ou pior".

O jornalista ainda lembra de outros companheiros de profissão que sofreram ataques de apoiadores de Bolsonaro e quando foi recebido por eleitores irados durante palestra na Flip deste ano.

Glenn também escreve que o próprio presidente prometeu cortar verbas públicas da Globo após a emissora divulgar no Jornal Nacional uma investigação sobre a morte de Marielle Franco que pode ligar o caso com membros da família Bolsonaro.

Glenn ainda afirma que a liberdade de imprensa está garantida pela Constituição brasileira e serve como lembrete para que o país não esqueça as duas décadas da ditadura militar.

"É exatamente por isso que os membros do movimento Bolsonaro nos visam: eles sabem que transparência e discurso livre são os principais obstáculos para retornar o Brasil aos seus dias mais sombrios", diz.

"Quanto mais eles mostram sua verdadeira face, mais resistência encontram. O trabalho dos jornalistas, o objetivo de uma imprensa livre, é garantir que essa verdade permaneça clara."