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Lula: "Não fomos nós que elegemos candidato que tem ojeriza à democracia"

Nacho Doce/Reuters
Imagem: Nacho Doce/Reuters

Do UOL, em São Paulo

26/11/2019 09h01

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi ao Twitter na manhã de hoje para defender o PT (Partido dos Trabalhadores) e dizer que Jair Bolsonaro (sem partido) tem "ojeriza à democracia".

Lula publicou a mensagem horas depois de o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmar não ser possível se assustar com a ideia de alguém pedir o AI-5 diante de uma eventual radicalização dos protestos no Brasil - outros políticos também se revoltaram com a declaração.

"Vamos deixar uma coisa clara: se existe um partido identificado com a democracia no Brasil é o Partido dos Trabalhadores. O PT nasceu lutando pela liberdade e governou democraticamente. Não fomos nós que elegemos um candidato que tem ojeriza à democracia", afirmou o ex-presidente.

"Já não aconteceu uma vez?"

Ontem, em uma entrevista coletiva ontem em Washington, nos EUA, Guedes falou que os discursos de Lula, que saiu da prisão no último dia 9, levam ao acirramento das ações do governo de Jair Bolsonaro.

"É irresponsável chamar alguém pra rua agora pra fazer quebradeira. Pra dizer que tem que tomar o poder. Se você acredita numa democracia, quem acredita numa democracia espera vencer e ser eleito. Não chama ninguém pra quebrar nada na rua. Ou democracia é só quando o seu lado ganha? Quando o outro lado ganha, com dez meses você já chama todo mundo pra quebrar a rua? Que responsabilidade é essa? Não se assustem então se alguém pedir o AI-5. Já não aconteceu uma vez? Ou foi diferente?", disse Guedes, em referência ao período de 20 anos de ditadura militar que o país viveu.

Decretado em 1968, durante a ditadura militar, o AI-5 fechou o Congresso Nacional, cassou mandatos, suspendeu o direito a habeas corpus para crimes políticos, entre outras medidas que suspenderam garantias constitucionais. O ato é considerado o início do período mais duro da ditadura.

AI-5 volta aos holofotes após um mês

A declaração de Paulo Guedes segue o pensamento do que foi dito por um dos filhos de Jair Bolsonaro.

No mês passado, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), sugeriu a criação de um novo AI-5, caso a esquerda radicalize. A fala foi repudiada por entidades da sociedade civil e autoridades. No mesmo dia, o presidente desautorizou o filho e disse que qualquer um que fale em AI-5 "está sonhando".