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Marina Silva sobre prisão de brigadistas no Pará: "Há uma contradição"

Marina Silva em entrevista à rádio Jovem Pan - Reprodução
Marina Silva em entrevista à rádio Jovem Pan Imagem: Reprodução

Do UOL

27/11/2019 14h01

Convidada de hoje do programa Morning Show, da rádio Jovem Pan, a ex-ministra do Meio Ambiente e ex-candidata à presidência Marina Silva comentou sobre as declarações do presidente Jair Bolsonaro e a recente prisão de brigadistas supostamente envolvidos em queimadas no Pará.

Em entrevista à BBC, em agosto deste ano, Bolsonaro disse que ONGs estariam por trás de queimadas para chamar atenção. Na ocasião, Marina Silva declarou que tais afirmações agravariam os problemas ambientais, dizendo que o presidente parecia "inconscientemente incompetente sobre esses assuntos".

Ontem, a polícia do Pará prendeu quatro integrantes de uma brigada voluntária de combates a incêndios florestais, suspeitos de atearem fogo em uma área de proteção ambiental em Alter do Chão (PA), em setembro deste ano. A entidade teria recebido R$ 300 mil por intermédio de ONGs, sendo uma parte do valor destinada à venda de imagens do fogo. Questionada sobre sua posição com o surgimento deste novo caso, Marina foi incisiva.

"Eu reitero que a acusação do presidente foi leviana e irresponsável. Ele não tinha nenhum elemento comprobatório para fazer a acusação que fez contra organizações que trabalham na Amazônia, ajudando comunidades locais que vivem sob ameaça o tempo todo, contribuindo para que a gente tenha a preservação de uma das florestas mais importantes do planeta", disse.

Complementando sobre a detenção dos brigadistas, a ex-ministra pede acompanhamento de perto deste caso por imprensa e autoridades:

"E agora essa acusação que está sendo feita a esses brigadistas. É muito importante que a polícia e as organizações de direitos humanos acompanhem esse caso... Há uma contradição, pois eles são brigadistas para apagar fogo e estão sendo acusados de estarem ateando fogo na floresta. É muito importante que a polícia e as organizações de direitos humanos acompanhem esse caso para evitar que a narrativa que o presidente criou não esteja agora sendo fabricada. Estou levantando como uma questão", pontuou.

Marina ainda disse que o presidente havia confessado em uma reunião com investidores na Árabia Saudita que ele mesmo havia incentivado os incêndios e queimadas porque discordava da política ambiental anterior.

"Era o plano de prevenção e controle de desmatamento da Amazônia, concebido durante a minha gestão. O presidente da República confessa com a sua própria boca que ele incentivou. [...] Eu levanto como hipótese porque eu não posso praticar aquilo que eu critico. E se eu critico por ele fazer uma acusação, de ser irresponsável e leviano eu não posso fazer a mesma coisa. Então, eu levanto como suspeita. É bom que seja acompanhado pela imprensa livre, pelas organizações de direitos humanos e por advogados", finalizou.