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Dilma chama Bolsonaro de neofascista e culpa PSDB por avanço de extremistas

Ex-presidente ainda saiu em defesa de seu correligionário Lula e voltou a definir seu impeachment como "golpe" - Celso Junior/Estadão Conteúdo
Ex-presidente ainda saiu em defesa de seu correligionário Lula e voltou a definir seu impeachment como "golpe" Imagem: Celso Junior/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo

14/12/2019 18h08

A ex-presidente e aniversariante do dia, Dilma Rousseff (PT), disse em entrevista ao site Diário do Centro do Mundo que Jair Bolsonaro (sem partido) é "neofascista" e que sua agenda de reformas seria responsável por destruir a história brasileira construída no século passado. Dilma ainda saiu em defesa de Lula e voltou a definir seu impeachment como golpe.

"Vivemos o momento mais grave da história brasileira desde a redemocratização", opinou a ex-presidente. "O neofascismo de Bolsonaro está claro, mas a gente nunca pode esquecer que a prioridade deste governo é o neoliberalismo e suas reformas. Está em curso um processo de destruição da história brasileira do século 20."

Dilma ainda criticou o PSDB e responsabilizou os tucanos - e sua posição favorável ao impeachment - pela eleição de Bolsonaro. "O PSDB era um partido democrático, mas foi seduzido pelo golpe. As forças que eles desencadearam para me tirar do governo produziram um fogo amigo que provocou a destruição da capacidade eleitoral dos partidos de centro, centro-direita e direita, abrindo terreno para o surgimento de Bolsonaro e da extrema-direita".

Na visão da ex-presidente, os tucanos apoiaram o "golpe" porque queriam destruí-la, mas acabaram dando um tiro no próprio pé. Ela cita como exemplo o caso do ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, que conquistou quase 40% dos votos nas eleições presidenciais de 2006, mas, em 2018, nem sequer passou dos 5%.

"Este processo explica a ascensão de Bolsonaro. Não era só prender o Lula, era necessário também destruir o centro, a centro-direita e a direita", avaliou. "Mas eles [PSDB] são os responsáveis diretos pelo golpe. Acharam que herdariam o poder. Infelizmente para eles e para todo o País, o processo que eles desencadearam levou ao surgimento do Bolsonaro."

Motivos para o impeachment e crítica a Cunha

Questionada se o veto aos aumentos salarias no STF (Supremo Tribunal Federal) teria alguma relação com o seu impeachment, Dilma negou. Segundo a petista, sua saída aconteceu porque ela não aceitava adotar uma agenda neoliberal que, de seu ponto de vista, retiraria direitos dos trabalhadores.

"Quando o trabalho se torna precário, depois vale tudo. E chega ao ponto de o governo exigir que o desempregado pague imposto por estar desempregado", argumentou Dilma. A ex-presidente fez referência à proposta do governo de exigir uma contribuição para o INSS de beneficiários do seguro-desemprego a fim de desonerar empresas e, em tese, incentivar contratações.

Dilma, no entanto, acredita que o fato de o Ministério Público suíço ter pedido ao STF a cassação e prisão do ex-deputado Eduardo Cunha foi um dos elementos responsáveis por seu afastamento. "O Eduardo Cunha era uma espécie de pré-estreia de Bolsonaro. Ele combinava uma pauta fascista e ultraconservadora, o que servisse para que ele aumentasse seu poder", criticou.