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STJ manda soltar ex-governador da Paraíba investigado por desvio milionário

19.nov.2014 - Ricardo Coutinho (PSB), ex-governador da Paraíba - Pedro Ladeira/Folhapress
19.nov.2014 - Ricardo Coutinho (PSB), ex-governador da Paraíba Imagem: Pedro Ladeira/Folhapress

Herculano Barreto Filho

Do UOL, no Rio

21/12/2019 16h11Atualizada em 21/12/2019 18h16

Resumo da notícia

  • Liminar assinada pelo ministro Napoleão Nunes também beneficia outros três suspeitos presos
  • Ex-governador chefiou esquema responsável por desvio de R$ 130 milhões, diz investigação
  • político foi um dos alvos da sétima fase da Operação Calvário, deflagrada na terça-feira (17)

Hoje à tarde, o STJ (Superior Tribunal de Justiça) mandou soltar Ricardo Coutinho (PSB-PB), ex-governador da Paraíba preso por suspeita de chefiar uma organização criminosa acusada de desviar mais de R$ 130 milhões dos cofres públicos entre 2010 e 2018.

Além dele, outros três presos também podem ser beneficiados pela liminar favorável ao HC (habeas corpus) assinada pelo ministro Napoleão Nunes Maia Filho no plantão judiciário: Francisco Chagas Ferreira, Claudia Veras e David Clemente Correia. Em nota confirmada pela assessoria do STJ, o magistrado disse que, nessa fase processual, não havia fatos concretos que comprovassem a necessidade da prisão.

"A convicção do juiz não pode - e mesmo nem deve - se estribar em suposições ou alvitres subjetivos e outras imagens fugidias, que se caracterizam pela imprecisão e pelo aspecto puramente possibilístico", advertiu Napoleão.

O TJ-PB (Tribunal de Justiça da Paraíba) justificou a prisão pela necessidade da garantia da ordem pública e pela "aparente influência e amizade" que Coutinho teria com pessoas ligadas ao poder político. Segundo o TJ-PB, isso "poderia interferir" na produção de provas.

Em nota emitida pelo STJ, o ministro Napoleão contestou as justificativas. Segundo o texto, "não é aceitável que o decreto se apoie em situações aparentes".

"A constrição de que se cuida tem a sua origem em delação premiada, ou seja, na fala de um delator, cuja voz há de estar orientada pelo interesse de pôr-se em condição de receber benefício pelo ato delacional. Não se deve descartar esse meio de prova - que não é prova, contudo - mas também não se deve atribuir-lhe a força de uma verdade", justificou.

PGR defende manutenção da prisão

A Procuradoria-Geral da República (PGR) protocolou, hoje, manifestação em que defendia a manutenção da prisão preventiva de Coutinho. O político foi um dos alvos da sétima fase da Operação Calvário, deflagrada na terça-feira (17). De acordo com a investigação, o desvio ocorreu em recursos que seriam destinados à educação e à saúde.

No documento, a PGR rebateu os argumentos apresentados pela defesa do ex-governador, que pediu HC para revogar a ordem prisional. A defesa alega que Coutinho não ocupa mais cargo público e que teria rompido a parceria política com João Azevedo, atual governador da Paraíba.

No entanto, a PGR informa que as investigações apontam que os crimes foram cometidos durante a sua gestão. De acordo com as investigações, duas organizações sociais usadas no esquema receberam R$ 1,1 bilhão dos cofres públicos nesse período.

"A influência e a liderança de Ricardo Coutinho são tamanha que todas as contratações de OS questionadas na investigação foram mantidas na gestão do atual governador do estado da Paraíba", afirmou o documento elaborado pela PGR.

De acordo com as investigações, os secretários, que integravam a organização, continuaram nos seus postos mesmo após o fim do mandato de Coutinho.