Bolsonaro recua e desiste de dar subsídio à conta de luz de igrejas
Hanrrikson de Andrade
Do UOL, em Brasília
15/01/2020 12h21Atualizada em 15/01/2020 18h07
Resumo da notícia
- Após reclamar de críticas, presidente afirmou que "está suspensa qualquer negociação" sobre o assunto
- Segundo Bolsonaro, o veto ao subsídio partiu da equipe econômica
- Presidente também recuou em relação à possibilidade de taxar a energia solar
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou hoje que "está suspensa qualquer negociação" sobre a possibilidade de dar subsídio à conta de luz de templos religiosos de grande porte.
A decisão foi ratificada, de acordo com o presidente, depois de uma reunião na manhã de hoje com o missionário R.R. Soares, líder da Igreja Internacional da Graça de Deus, e o deputado Silas Câmara (Republicanos), um dos representantes da bancada evangélica no Congresso.
Ao deixar o Palácio do Alvorada na manhã de ontem, Bolsonaro havia reclamado das críticas que recebeu por querer dar subsídio às igrejas. "Estou apanhando e nem decidi ainda", afirmou ele. "Não sei por que essa fama de dar pancada em mim o tempo todo. Eu assinei o decreto? Então, por que essa pancada?".
Apesar de ter recuado, Bolsonaro defendeu a viabilidade da proposta e afirmou que "o impacto [financeiro] seria mínimo na ponta da linha". Segundo o presidente, que é mais bem avaliado entre o eleitorado evangélico, o veto ao subsídio partiu da equipe econômica.
"O impacto seria mínimo na ponta da linha, mas a política da economia é não ter mais subsídio. Falei com eles [religiosos] que está suspensa qualquer negociação nesse sentido."
Proposta para reduzir preço do combustível
Bolsonaro se reuniu hoje com o ministro de Minas Energia, Bento Albuquerque, para discutir propostas que levem à redução do preço do combustível.
Segundo ele, uma das ideias estudadas pelo governo seria mexer no ICMS que incide "na refinaria, e não na bomba, no final da linha", isto é, para o consumidor final. O presidente, no entanto, não explicou com detalhes como funcionaria essa desoneração.
Na visão do mandatário, os estados também podem contribuir no sentido de baixar o preço do combustível. "Nós queremos mostrar que a responsabilidade final do preço não é só do governo federal. Nós temos aqui PIS, Cofins, Cide."
"Vai onerar para nós também, mas os nossos governadores têm que ter, obviamente, responsabilidade no preço final do combustível. É isso que estamos buscando. Depende do Parlamento e, muitas vezes, da agência também [em referência à Aneel].
Energia solar
Bolsonaro também recuou em relação à possibilidade de taxar a chamada geração distribuída de energia, que envolve principalmente a instalação de placas solares em telhados e terrenos por consumidores.
"Os pequenos consumidores e quem tem placa fotovoltaica na sua casa não precisam se preocupar com isso. E quem produz e tem seus próprios meios para transmitir energia também não precisa se preocupar."
A única exceção, segundo Bolsonaro, seria o dono de uma propriedade e "queira vender energia usando meios físicos de terceiros".