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Judeu, Alcolumbre pede demissão de secretário que copiou discurso nazista

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, durante votação da Previdência em Brasília - ADRIANO MACHADO
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, durante votação da Previdência em Brasília Imagem: ADRIANO MACHADO

Do UOL, em São Paulo

17/01/2020 11h46Atualizada em 17/01/2020 13h22

O presidente do Senado Nacional, Davi Alcolumbre (DEM-AP), juntou-se a vários políticos de direita e de esquerda e pediu a demissão do secretário da Cultura, Roberto Alvim. O secretário tem sido criticado por ter copiado trecho de um discurso do ministro da Propaganda nazista de Hitler, Joseph Goebbels.

"Como primeiro presidente judeu do Congresso Nacional, manifesto veementemente meu total repúdio a essa atitude e peço seu afastamento imediato do cargo", escreveu Alcolumbre no Twitter.

Em outro tuíte, o presidente do Senado classificou o pronunciamento de Alvim como "acintoso, descabido e infeliz" e afirmou que a fala do secretário teve "assombrosa inspiração nazista".

Trecho copiado de discurso nazista

Alvim tem sido alvo de inúmeras críticas por um trecho de seu pronunciamento divulgado ontem pela Secretaria da Cultura nas redes sociais. No vídeo, o secretário diz: "A arte brasileira da próxima década será heroica e será nacional. Será dotada de grande capacidade de envolvimento emocional e será igualmente imperativa, posto que profundamente vinculada às aspirações urgentes de nosso povo, ou então não será nada".

O livro "Goebbels: a Biography", de Peter Longerich, mostra que o líder nazista teria feito uma fala muito semelhante na década de 1940: "A arte alemã da próxima década será heroica, será ferreamente romântica, será objetiva e livre de sentimentalismo, será nacional com grande páthos e igualmente imperativa e vinculante, ou então não será nada".

Críticas

Na manhã de hoje, Alvim recebeu críticas do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, que pediu no Twitter que o governo brasileiro o afaste imediatamente do cargo.

"O secretário da Cultura passou de todos os limites. É inaceitável. O governo brasileiro deveria afastá-lo urgente do cargo", escreveu.

Também na manhã de hoje, Alvim foi criticado por Olavo de Carvalho, que escreveu, no Facebook, que o secretário "não está muito bem da cabeça".

O deputado federal Alexandre Padilha (PT-SP) disse, no Twitter, que o partido pedirá o indiciamento de Alvim pelo crime de apologia ao nazismo.

"Coincidência retórica"

Depois das críticas, o secretário foi ao Facebook se explicar. Segundo ele, o que aconteceu foi uma "coincidência retórica". Ele disse que "não há nada de errado com a frase" e que a esquerda está "tentando desacreditar" a iniciativa.

"O que a esquerda está fazendo é uma falácia de associação remota", escreveu. "Com uma coincidência retórica em uma frase sobre nacionalismo em arte estão tentando desacreditar todo o Prêmio Nacional das Artes [programa anunciado na ocasião], que vai redefinir a Cultura brasileira".

Ele reforçou: "Eu não citei ninguém. O trecho fala de uma arte heroica e profundamente vinculada às aspirações do povo brasileiro. Não há nada de errado com a frase. Todo o discurso foi baseado num ideal nacionalista para a Arte brasileira. Não o citei e jamais o faria, mas a frase em si é perfeita".

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