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Após revelação sobre empresa, Bolsonaro muda segurança e evita imprensa

Fabio Wajngarten e o presidente Jair Bolsonaro - UESLEI MARCELINO/REUTERS
Fabio Wajngarten e o presidente Jair Bolsonaro Imagem: UESLEI MARCELINO/REUTERS

Eduardo Militão

Do UOL, em Brasília

04/02/2020 09h16Atualizada em 05/02/2020 09h47

No dia da publicação de reportagem mostrando que o secretário de Comunicação da Presidência omitiu ao Planalto informações sobre uma empresa de mídia, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) mudou esquema de segurança habitual e evitou ser questionado por jornalistas.

Na manhã de hoje, quando o presidente saía da porta do Alvorada, os seguranças repentinamente moveram cerca de 20 populares que aguardavam Bolsonaro. Eles os colocaram longe da imprensa. O presidente chegou de carro, mas parou longe dos repórteres.

Ele se dirigiu às pessoas, cumprimentou-as e tirou fotografias. Ao sair, foi direto para o automóvel.

Bolsonaro foi questionado, à distância, sobre as empresas não declaradas do secretário de Comunicação, Fábio Wajngarten. Não se sabe se o presidente conseguiu ouvir a pergunta. Não houve resposta.

Como revelou o jornal Folha de S.Paulo, o chefe da Secom (Secretaria de Comunicação) possui uma empresa de mídia, a FW Comunicação, que presta serviços a emissoras de televisão. Por causa de seu cargo, é ele quem distribui a verba pública para divulgar publicidade do governo nas emissoras.

Durante a gestão de Wajngarten, o dinheiro público distribuído a pelo menos dois clientes da FW aumentou: a TV Record e a Band.

Chefe omitiu informações três vezes

Antes de assumir o cargo, o chefe da Secom respondeu a um questionário da Comissão de Ética Pública da Presidência. Ele foi questionado se exerceu atividades econômicas em áreas afins às atribuições que teria no governo, o que poderia gerar conflito de interesses segundo a Lei 12.813, de 2013. Para essa questão, Wajngarten respondeu "Não".

Ele também foi questionado se recebeu "suporte financeiro" nos últimos 12 meses de entidades públicas ou privadas de áreas afins à que comandaria. Foi questionado se firmou contratos com essas empresas para "recebimentos futuros". Wajngarten respondeu: "Não".

A mãe do chefe da Secom possui 5% das cotas da FW. Mas Wajngarten respondeu "Não", quando a comissão de Ética o questionou se possuía parentes que atuavam como sócio em empresas da mesma área em que atuaria no governo.

Em 15 de janeiro, a Folha de S.Paulo perguntou a Wajngarten se ele havia detalhado as atividades da FW à Comissão de Ética. O chefe da Secom respondeu ao jornal: "Isso jamais foi questionado".

Na semana passada, Jair Bolsonaro disse não ter visto, "até agora", nada de errado na atuação de Wajngarten.