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'Temo por ruptura institucional', diz Bebianno sobre governo Bolsonaro

Do UOL, em São Paulo

02/03/2020 22h40

O ex-ministro Gustavo Bebianno disse temer "por uma ruptura institucional" ao avaliar o futuro do governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), em entrevista ao programa "Roda Viva", da TV Cultura.

"Não tenho bola de cristal, não sei o que vai acontecer. Mas temo por uma ruptura institucional", disse Bebianno. "A minha grande crítica é que o presidente está atrapalhando (...) me assusta, o presidente eleito recentemente e só pensar em reeleição. Se você tiver o cuidado de pegar a agenda presidencial, você vai ver que ele só pensa em reeleição, reeleição..,. Ele praticamente não trabalha pelo Brasil. O risco é esse, a começar pelos filhos. AI 5 pra cá e pra lá, críticas infundadas a outros poderes", completou, em seguida.

Bebianno também revelou detalhes de uma reunião ocorrida dois dias depois de Jair Bolsonaro ser eleito. Na época, conta Bebianno, Bolsonaro expressou o desejo de ter o general Mourão fazendo papel de "espantalho" na posição de vice, já pensando na possibilidade de um eventual processo de impeachment.

"O desejo dele [Bolsonaro] era de que o general Mourão fizesse um papel de espantalho, que quando as pessoas pensassem em impeachment olhassem para Mourão e chegassem à conclusão que seria melhor manter o Jair Bolsonaro na presidência. Só que esse projeto não deu certo porque desde o início o general Mourão mostrou o quão capaz ele é, um homem muito sério, que jamais colocaria o Brasil num caminho de aventura", disse.

"Quando esse plano não deu certo, o general Mourão passou a ser alvo de ataques, gerou ciumeira, mostrou que talvez ele fosse muito maior que o presidente intelectualmente, culturalmente etc.", prosseguiu.

Um dos coordenadores da campanha de Bolsonaro, Bebianno foi o primeiro ministro a ser demitido no novo governo, em fevereiro do ano passado. A sua saída da Secretaria-Geral da Presidência aconteceu em meio a uma crise com suspeitas de candidaturas laranjas no PSL — que era então partido do presidente — e agravou-se após episódios de desentendimentos com o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ).

Em dezembro, o ex-ministro se filiou ao PSDB do Rio de Janeiro, em um evento que contou com a presença do governador de São Paulo, João Doria, que deve se colocar como opção em uma eventual disputa com Bolsonaro para a presidência em 2022 e já tem travado intensos debates com o presidente.

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