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Dilma chama Bolsonaro de "psicopata" e se coloca em quarentena após viagem

A ex-presidente do Brasil disse que não apresentou sintomas, mas que ficará em reclusão até agosto - Martin Acosta/Reuters
A ex-presidente do Brasil disse que não apresentou sintomas, mas que ficará em reclusão até agosto Imagem: Martin Acosta/Reuters

Do UOL, em São Paulo

18/03/2020 12h44

A ex-presidente Dilma Rousseff (PT) criticou a atuação de Jair Bolsonaro no combate ao novo coronavírus. Em entrevista ao canal TV 247, no YouTube, a petista afirmou que o atual presidente é "um psicopata e tem um ciúme doentio" para que as decisões sejam tomadas por ele em detrimento dos outros, referindo-se à relação do presidente com o Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.

O ministro vem alertando que o Brasil precisa se precaver para conter um crescimento acelerado de vítimas no país, evitando aglomerações. Por sua vez, Bolsonaro já afirmou que está havendo "histeria" sobre a dimensão da pandemia e defendeu que as partidas de futebol não fossem suspensas, além de apoiar as manifestações realizadas no último domingo (15) na defesa de seu governo.

Aliás, a atitude do presidente no domingo foi alvo de críticas de Dilma, que considerou o ato "uma agressão à saúde pública". "É um desgoverno em meio a uma pandemia e uma crise internacional", disse.

A ex-presidente afirmou que ela tomou medidas por conta própria e se colocou em quarentena após voltar de viagem a Paris. "Não apresentei nenhum sintoma, meu período de quarentena acaba amanhã (quinta-feira). Estou aqui reclusa. Andei de bicicleta uns dias atrás. Ficarei assim até agosto. Por quê? Porque tudo que temos de dados, [mostra que] tem dois jeitos de combate: o distanciamento social e a suspensão das atividades. Não há como combater o vírus sem a reclusão de pessoas", explicou.

Dilma acompanhou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na viagem para França no início do mês. Eles se encontraram com alguns políticos e Lula recebeu o título de cidadão honorário de Paris.

Na avaliação de Dilma, Bolsonaro deveria se preocupar com a população mais pobre no combate ao novo coronavírus. "O Brasil é um país desigual e isso se refere até na chegada da doença. Não é possível não tomar como medidas de saúde sem considerar medidas de cunho social, como aumento do Bolsa Família, pagar seguro-desemprego para quem não está trabalhando e gastar dinheiro acima do teto para a proteção sanitária do país", analisou.

Dilma defendeu o fechamento das fronteiras na Europa como uma boa medida de prevenção e proteção. "Uma coisa é certa: [a covid-19] ataca mais os países desenvolvidos porque ataca a população mais velha. Mas aqui no Brasil tem pobreza, pessoas, crianças, jovens, adultos sem alimentação. Se o sistema não responde às vidas humanas, ele fracassou", disse Dilma, que também chamou a atenção do Ministério da Educação para a suspensão das aulas e a necessidade de oferecer merendas escolares para crianças e adolescentes.

Na visão dela, o governo tem que retomar o investimento público por conta do receio dos investidores internacionais com o atual momento. "Só o Estado tem essa capacidade. Esta claríssimo que o investidor internacional não esta nem aí para a reforma. Ele quer estabilidade política e econômica".