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PSOL diz que 'foi surpreendido' com pedido de impeachment de Bolsonaro

Presidente Jair Bolsonaro acena ao deixar o Palácio da Alvorada - ADRIANO MACHADO
Presidente Jair Bolsonaro acena ao deixar o Palácio da Alvorada Imagem: ADRIANO MACHADO

Do UOL, em São Paulo

19/03/2020 11h42

O PSOL disse ter sido "surpreendido" com a participação dos deputados federais Fernanda Melchionna, Sâmia Bomfim e David Miranda no pedido de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Em nota, o partido se posicionou sobre a ação.

"O partido está, nas suas instâncias e bancada, debatendo a melhor tática para enfrentar a irresponsabilidade do governo Bolsonaro. Por essa razão, a iniciativa causa indignação porque atropela o debate interno do PSOL e do conjunto da oposição", informou o PSOL.

"O presidente Bolsonaro cometeu vários crimes de responsabilidade. Há, portanto, base jurídica para o impeachment. No entanto, o impeachment é também um processo político que precisa ganhar os corações e mentes do povo brasileiro. Além disso, não pode ser construído de forma individual", continua a explicação do partido.

O documento, que foi enviado pelos deputados federais do PSOL ontem, diz que Bolsonaro cometeu crime de responsabilidade ao enviar mensagem a seus apoiadores "convocando" para as manifestações do último dia 15 de março e por ter participado dos atos, apesar da orientação para evitar aglomerações durante a pandemia do coronavírus.

O pedido conta com a assinatura de artistas, acadêmicos e religiosos, como Zélia Duncan, Gregorio Duvivier, Pablo Ortelado, Debora Diniz, Rosana Pinheiro-Machado, Vladimir Safatle, entre outros.

Confira a nota do PSOL na íntegra:

A Executiva Nacional do PSOL foi surpreendida, nesta quarta-feira, com a participação de membros de sua bancada na Câmara dos Deputados no pedido de impeachment contra Jair Bolsonaro protocolado hoje. O partido está, nas suas instâncias e bancada, debatendo a melhor tática para enfrentar a irresponsabilidade do governo Bolsonaro. Por essa razão, a iniciativa causa indignação porque atropela o debate interno do PSOL e do conjunto da oposição.

Consideramos que o momento é gravíssimo e a prioridade deve ser a defesa de medidas que salvem vidas, como aquelas apresentadas pela bancada justamente hoje. O presidente Bolsonaro cometeu vários crimes de responsabilidade. Há, portanto, base jurídica para o impeachment. No entanto, o impeachment é também um processo político que precisa ganhar os corações e mentes do povo brasileiro. Além disso, não pode ser construído de forma individual. Se queremos derrubar Bolsonaro, essa deve ser uma proposta construída coletivamente. Nesse momento, portanto, a tarefa da oposição é ampliar o crescente repúdio ao governo Bolsonaro e mobilizando amplas forças sociais para a assegurar a proteção dos mais vulneráveis ao coronavírus.

Por essa razão, o foco do PSOL e da oposição deve ser a defesa de ações enérgicas do Estado para a proteção dos mais pobres, a economia e o emprego, salvar vidas e superar a epidemia. Iniciativas individuais, isoladas e voluntaristas, não ajudam na luta contra Bolsonaro. Não reconhecemos, em nome do PSOL, esta medida unilateral. Seguiremos debatendo, nas instâncias partidárias e na bancada, as medidas adequadas para enfrentar a crise.