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Quem ataca povo chinês dá tiro no próprio pé, diz embaixada a E. Bolsonaro

Pedro Ladeira/Folhapress
Imagem: Pedro Ladeira/Folhapress

Do UOL, em São Paulo

19/03/2020 19h38Atualizada em 20/03/2020 11h25

A Embaixada da China no Brasil voltou a atacar Eduardo Bolsonaro (sem partido) hoje, após o deputado federal insistir nas acusações que fez ao país asiático de ter omitido informações relacionadas à pandemia do novo coronavírus. Desta vez, as mensagens publicadas pelos chineses reclamam de "palavras preconceituosas" e dizem que "atacar e humilhar o povo chinês" é um "tiro no pé".

"Eduardo Bolsonaro, que dê uma guinada o mais rapidamente possível, já que a história nos ensina que quem insiste em atacar e humilhar o povo chinês, acaba sempre dando um tiro no seu próprio pé", escreveu a embaixada no Twitter.

A Embaixada da China no Brasil já havia dito que Eduardo "contraiu um vírus mental". Hoje, voltou a se posicionar contra o filho de Jair Bolsonaro (sem partido), presidente da República.

"São absurdas e preconceituosas as suas palavras, além de serem irresponsáveis. Não vale a pena refutá-las. Aconselhamos que busque informações científicas e confiáveis nas fontes sérias como a OMS [Organização Mundial da Saúde], úteis para ampliar a sua visão", disseram os chineses na primeira mensagem enviada a Eduardo Bolsonaro hoje.

"Os seus argumentos mostram que você não está arrependido pela sua atitude, tampouco ciente dos seus erros. Ao continuar a optar por ficar no lado oposto ao povo chinês, está indo cada vez mais longe no caminho errado", alertaram.

Em seguida, a embaixada amenizou o tom e disse que o governo Bolsonaro vem combatendo a pandemia. "Sob a liderança do presidente Jair Bolsonaro, o Brasil está combatendo a epidemia do coronavírus. Como deputado federal, ao invés de contribuir devidamente para esse combate, você [Eduardo] tem gastado tempo e energia para atacar deliberadamente a China e espalhar boatos", escreveram.

Por fim, a embaixada encerrou sua manifestação da seguinte forma, mencionando Eduardo e a Câmara dos Deputados: "Você [Eduardo] afirma que foi eleito pelo povo, mas fica a pergunta: será que está cumprindo os seus deveres como deputado? Será que merece a confiança daqueles que votaram em si?".

Nota oficial

Mais tarde, a Embaixada da China no Brasil emitiu uma nota oficial sobre o caso. Além de reiterar as críticas feitas a Eduardo, a embaixada se disse "extremamente chocada" com o ocorrido e manifestou sua "profunda indignação pela atitude irresponsável" do deputado.

As palavras do filho do presidente, segundo os chineses, "prejudicam a boa imagem do Brasil no coração do povo chinês" e interferem na cooperação entre os dois países. A embaixada garante, no entanto, que "não houve qualquer mudança" na relação sino-brasileira.

A China informa ainda que não aceitou a sugestão feita pelo ministro Ernesto Araújo (Relações Exteriores), que disse ontem que os chineses deveriam pedir desculpas a Eduardo. "O deputado Eduardo Bolsonaro tem que pedir desculpa ao povo chinês pela sua provocação flagrante", rebate a embaixada.

Ao final, os chineses dizem esperar que o Itamaraty tome ciência da gravidade desse episódio e alerte o filho do presidente a "tomar mais cautela nos seus comportamentos e palavras" e "não praticar atividades que danifiquem a nossa cooperação".

Embaixador ainda elogiou ministro

O embaixador na China no Brasil, Yan Wanming, também se pronunciou, mas fazendo elogios ao ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. No tuíte, ele diz que Mandetta é um "grande exemplo do Brasil" e agradece pelo "bom trabalho" do ministro.