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Caiado defende quarentena e critica acionistas: "Querem criar pânico"

Caiado comentou sobre o rompimento com Bolsonaro após declarações criticando as medidas de prevenção - Reprodução/CNN
Caiado comentou sobre o rompimento com Bolsonaro após declarações criticando as medidas de prevenção Imagem: Reprodução/CNN

Do UOL, em São Paulo

25/03/2020 20h55

Em entrevista ao programa Pingos nos Is, da rádio Jovem Pan, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM-GO), comentou sobre o rompimento com Jair Bolsonaro, após declarações do presidente criticando as medidas de combate ao coronavírus.

"Não se pode tomar decisões que não sejam bem embasadas pela comunidade científica, pelos meios acadêmicos, por todos aqueles que estão à frente dos processos. Temos que buscar experiência dos italianos, espanhóis e dos médicos da China para implantar protocolos e alternativas. Ao se tratar de um vírus que causa uma lesão grave quando atinge o pulmão, não é de uma maneira simplista que vamos abordar um assunto tão grave como esse", ressaltou.

Caiado, que também é médico, acredita que, apesar dos transtornos econômicos, é necessário o isolamento temporário para que o sistema de saúde suporte a quantidade de pessoas que serão acometidas pelo vírus.

"Nós médicos sabemos que tem os dois setores: a saúde e a economia. Sabemos a gravidade que pode vir do desabastecimento, fome, saques ou da desobediência civil, mas temos sensibilidade. Ninguém quer trazer caos, não queremos que venha o colapso em toda área da saúde, queremos ter um prazo mínimo para que possamos avaliar como será o comportamento do vírus em cada um dos Estados. Queremos os 15 dias que propusemos em Goiás. Não vai quebrar ninguém, não vai criar nenhum colapso que seja algo arrasador na economia do Estado e do país. No final de 15 dias teremos uma base mais detalhada de como será o grau de contaminação, dos números de leitos que as pessoas vão ocupar", explicou.

Perguntado sobre a falta de condição das pessoas que moram nas comunidades e que não poderão cumprir o isolamento devido à estrutura das moradias e a quantidade de habitantes em uma residência, o médico explicou que esta população é a maior prejudicada, porém é preciso medir a velocidade da propagação do vírus para que diminua os impactos à população.

"Quando você tem uma mobilização de pessoas, a aceleração pela contaminação do vírus é muito maior e, nesse momento, atinge as populações mais carentes. Inicialmente foi um vírus trazido pela classe média e alta para todos os países. Essas pessoas têm condições de fazer sua quarentena, as pessoas mais simples são exatamente a faixa de risco. Quando tem menor circulação de pessoas, há uma menor velocidade de contaminação também nas favelas e regiões mais carentes. Mesmo elas tendo sido contaminadas, teremos um espaço hospitalar para recebê-las. Se deixamos que o processo se dê abertamente com o vírus circulando, podendo atingir toda comunidade da favela, você vai ficar simplesmente como espectador de uma situação. Que o vírus vai chegar a todos nós, isso é uma realidade. O que nós precisamos é apenas de poder calibrar [ ... ] A ansiedade desse pessoal pela bolsa de valores, por papel, é tão grande que querem criar um pânico generalizado no Brasil", finalizou.