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Witzel: Empresário que seguir fala de Bolsonaro pode ser responsabilizado

Marcello Chello/CJPress/Estadão Conteúdo
Imagem: Marcello Chello/CJPress/Estadão Conteúdo

Igor Mello

Do UOL, no Rio

25/03/2020 13h22

O governador Wilson Witzel (PSC) alertou que pode responsabilizar legalmente empresários que desrespeitem os decretos de restrição de funcionamento de estabelecimentos para atender o que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) pregou em pronunciamento de rádio e TV na noite de ontem.

Witzel elogiou o fato de ter sido retomado o diálogo com o governo federal, que realizou uma reunião por videoconferência com os governadores do Sudeste na manhã de hoje. Porém, em diversos momentos criticou o fato de Bolsonaro defender publicamente a retomada da atividade econômica - com a reabertura de escolas e do comércio, entre outros setores - mas não assumir o ônus de tomar alguma medida concreta para obrigar governadores e prefeitos a seguirem isso. Ele fez uma advertência ao empresariado.

"Senhores empresários, contrariar determinações das autoridades constituídas, que normatizaram isso no papel, pode trazer aos senhores responsabilidades. Ao descumprir as determinações sanitárias qualquer um está sujeito a ser responsabilizado. As determinações são claras: fiquem em casa. O home office é uma das medidas adotadas. O empresário que decidir seguir o pronunciamento [de Bolsonaro], poderá juntamente com quem fez o pronunciamento ser responsabilizado por suas ações e omissões", defendeu.

Witzel deu a entender que Bolsonaro prega a retomada das atividades, mas não assume o ônus de determinar o fim de medidas mais duras adotadas por quase todos os governantes de estados e grandes cidades, como o bloqueio de transportes públicos, fechamento do comércio e proibição de aglomerações. Por várias vezes, o governador do Rio disse que "vale o que está no papel".

"Politicamente é possível falar qualquer coisa. A política permite o diálogo das ideias. Mas só pode ser cumprido quando se assume a responsabilidade e se coloca no papel. Se o presidente entender que tem que tomar essa medida [de retomar a circulação], ele encaminha uma MP, um projeto de lei para o Congresso ou faz um decreto".

Ontem, em pronunciamento em rede nacional de rádio e TV, Bolsonaro contrariou orientações científicas e de autoridades de saúde, inclusive de seu ministro Luiz Henrique Mandetta (Saúde), pedindo que escolas, comércio e outras empresas voltem a funcionar, mantendo apenas os idosos em isolamento. O presidente usou ainda o espaço para atacar prefeitos e governadores que adotaram medidas de bloqueio de circulação e para acusar a mídia de "clima de pavor". Ainda voltou a minimizar a gravidade da doença, dizendo que por ter "histórico de atleta" teria no máximo "uma gripezinha" ou "um resfriadinho" se contraísse a covid-19. Aos 65 anos, Bolsonaro integra o grupo de risco para o coronavírus.