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Santos Cruz: Apoio a atos anti-Congresso é 'da personalidade' de Bolsonaro

Do UOL, em São Paulo

22/04/2020 15h34Atualizada em 22/04/2020 17h02

Resumo da notícia

  • "Vejo isso como uma forma de fazer, como uma característica da personalidade", afirmou general
  • Atos pró-golpe não têm resultado algum, critica ex-ministro

O ex-ministro-chefe da Secretaria de Governo, general Carlos Alberto dos Santos Cruz, defendeu hoje que o apoio de Jair Bolsonaro (sem partido) a protestos contra o Legislativo e o Judiciário é apenas "característica da personalidade" do presidente, uma vez que, numa democracia, é normal que haja um "jogo de poderes".

"É normal o presidente criticar os [demais] poderes, é normal o Congresso fazer críticas ao presidente e o Judiciário, idem. A democracia tem um jogo de poderes, vários centros de pressão política. Eu vejo isso daí [apoio aos protestos] mais como uma forma de fazer, como uma característica da personalidade [de Bolsonaro]", disse Santos Cruz em entrevista ao UOL.

O general acredita que o apoio do presidente a atos antidemocráticos não tem resultado prático, uma vez que Bolsonaro não seria efetivamente capaz de fazer algo contra qualquer um dos demais poderes.

Além disso, para Santos Cruz, as manifestações são "confusas" e não têm um objetivo claro. "Qual é o objetivo real? As manifestações são todas válidas, faz parte da vida democrática, mas precisam ser mais objetivas. Senão, fica uma confusão com ataques e xingamentos na internet", avaliou.

Santos Cruz frisou, ainda, que não há participação institucional do Exército nesse tipo de movimento. "Não existe essa marcha junto com o governo. A instituição é extremamente disciplinada e existe uma consciência institucional. Ela é ligada ao Estado brasileiro, ligada às atribuições da Constituição. Exército não é partidário, de governo, não tem essa caminhada junto. Isso não existe", garantiu.

Para o general, a responsabilidade de quem está no governo —como os militares que exercem função de ministro— é individual, e não das Forças Armadas. "Não estão representando as instituições, que são dirigidas por seus comandantes. Os títulos fortes podem dar a impressão de que há envolvimento institucional, mas não há. A instituição está focada nas suas atribuições previstas na Constituição", concluiu.