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Moro prevaricou e queremos ouvi-lo, diz presidente da CPMI das Fake News

Constança Rezende

Do UOL, em Brasília*

29/04/2020 12h00

O presidente da CPI mista das Fake News, senador Angelo Coronel (PSD-BA), disse ao UOL Entrevista que Sergio Moro, ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, teria cometido o crime de prevaricação ao não denunciar o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) por querer ter acesso a inquéritos sigilosos.

Ele fez as afirmações à colunista do UOL Constança Rezende nesta quarta-feira (29). De acordo com o senador, a CPI pretende ouvir Moro e informou que já foi requisitado digitalmente a ida do ex-juiz federal à comissão. Os trabalhos da CPI estão paralisados em virtude da pandemia do novo coronavírus e o prazo foi estendido por mais 180 dias.

"A partir do momento em que Moro diz que o presidente pedia informações de inquéritos sigilosos, mas ele não fornecia essas informações, mas não denunciou o presidente, ele cometeu o crime de prevaricação. A partir do momento que ele condicionou a entrada no ministério a manter uma pensão para a esposa em caso de morte, está uma corrupção passiva. A partir do momento que o presidente não negou, é uma corrupção ativa do presidente da República."

Moro deixou o governo na sexta-feira passada acusando o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de interferência política na Polícia Federal. Para o senador que preside a CPI das fake news, as declarações de Moro revelaram "vários crimes cometidos, de menor e maior monta, que precisam ser esclarecidos, da parte dele e do presidente".

"Ele tem mensagens gravadas, como ele saiu, também quero ouvi-lo, se ele tem razão no que acusou o presidente ou se ele não tem razão, se ele mentiu. Se tornou um mito no Brasil pela sua atuação na Lava Jato, mas quero que ele prove", disse o senador.

CPI tem 165 pedidos de convocação

A CPI tem 165 requerimentos de convocação de pessoas, incluindo de Sergio Moro, e cerca de 60 de quebras de sigilo bancário e de comunicações.

Segundo Coronel, Moro disse que pediu uma pensão à sua família para assumir o cargo, mesmo não havendo previsão para isso. E Bolsonaro nada disse a respeito disso. O ex-ministro teria cometido corrupção e prevaricação.

"A partir do momento que ele diz que o presidente pedia informações de inquéritos sigilosos, não fornecia, mas não denunciou o presidente, ele cometeu o crime de prevaricação", iniciou o senador.

"A partir do momento que ele manter uma pensão em caso de morte, corrupção passiva. A partir do momento que o presidente não negou, é corrupção ativa do presidente da República."
Para o senador, é preciso investigar tudo. "Nesse depoimento houve vários crimes cometidos de menor e maior monte, que precisam ser esclarecidos, dele e do presidente. É importante que a gente esclareça esses fatos urgentemente."

Demissão de Valeixo é fake news no Diário Oficial, disse

Questionado sobre a relação entre as denúncias e supostos crimes com a CPI mista, o senador citou a questão da assinatura de Moro na exoneração de Maurício Valeixo do cargo de diretor-geral da PF. O agora ex-ministro afirmou que não assinou o decreto.

"A partir do momento que o ministro diz que não assinou a exoneração do Valeixo no Diário Oficial da União é uma fake news, foi passada uma desinformação para o povo brasileiro. O argumento para convocação do ministro está em cima da assinatura que ele não deu", argumentou.

*Com a colaboração de Eduardo Militão, em Brasília, e Fabio Regula, Luís Adorno e Stella Borges, em São Paulo