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Bolsonaro nomeia Rolando Alexandre de Souza para diretor-geral da PF

Eduardo Militão, Hanrrikson de Andrade e Carla Araújo

Do UOL, em Brasília

04/05/2020 09h45Atualizada em 04/05/2020 15h16

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) escolheu o delegado Rolando Alexandre de Souza, número 3 da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), para comandar a Polícia Federal. A nomeação do novo diretor-geral da instituição foi anunciada hoje em decreto publicado no Diário Oficial da União.

A opção foi feita depois que o STF (Supremo Tribunal Federal) barrou a seleção de Alexandre Ramagem, amigo pessoal da família Bolsonaro, para o cargo. Segundo a agência Reuters, Ramagem participou da escolha do novo chefe da PF a pedido do presidente.

Souza assinou termo de posse cerca de 30 minutos depois de Bolsonaro confirmar seu nome pelo Twitter a nomeação.

A escolha era dada como certa na noite de ontem no Palácio do Planalto, dependia apenas de o presidente da República não mudar de ideia na última hora. Segundo uma fonte militar, a nova nomeação de Ramagem, de quem Souza é próximo, estava descartada. "Nem pensar: chega de confusão", confidenciou.

Forças aliadas do presidente insinuaram ontem que ele poderia, em ato contrário à decisão do STF, forçar a nomeação de Ramagem nesta segunda, o que levaria a um acirramento de uma prenunciada "ruptura institucional".

Bolsonaro, no entanto, foi aconselhado a buscar uma alternativa pacífica enquanto o governo se empenha em elaborar estratégias jurídicas para reverter a decisão no Supremo.

O presidente já deu sinais claros de que brigará até o fim na tentativa de emplacar Ramagem no comando da PF. Na visão dele, a Corte constitucional invadiu competência privativa do chefe do Executivo ao proferir decisão liminar e impedir a nomeação.

Assinatura do termo de posse do diretor-geral da PF, Rolando Alexandre de Souza - Isac Nóbrega/PR/Divulgação - Isac Nóbrega/PR/Divulgação
Assinatura do termo de posse do diretor-geral da PF, Rolando Alexandre de Souza
Imagem: Isac Nóbrega/PR/Divulgação

Perfil

Souza já foi policial rodoviário e agente da PF antes de se tornar delegado. Foi corregedor da unidade da PF em Rondônia e chefe da unidade de Alagoas.

Reportagem do UOL mostrou que a aposta sobre ele havia crescido entre policiais, porque, com Ramagem impedido de assumir pela Justiça, só restaria um mandato-tampão. E, para assumir essa tarefa, a função só seria aceita por Souza, que já trabalha com Ramagem.

Outro fator que fez crescer seu nome foi o histórico na corporação. Apesar de não estar entre os mais experientes na casa, foi ele quem "desenrolou" o banco de dados Atlas, que reúne informações estratégicas para facilitar investigações da PF, narrou um amigo.

Segundo um delegado e um perito, o delegado é muito proativo e poderia fazer uma boa gestão, mesmo porque já chefiou a unidade regional de Alagoas.

Além disso, Souza liderou o setor de repressão a desvios de dinheiro público na sede da PF em Brasília. Isso o tornou conhecido de todos, o que desperta confiança, avalia um amigo. E também pacificaria a polícia, num momento de tensão e desconfiança de que Bolsonaro age para interferir em investigações e obter informações estratégicas indevidamente, como denunciou o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro à própria polícia.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do informado em versão anterior do texto, o nome do novo diretor-geral da Polícia Federal é Rolando Alexandre de Souza, e não Rolando Ferreira de Souza. O erro foi corrigido.