Topo

Esse conteúdo é antigo

Joice fala em "novo Mensalão" e compara apoiadores de Bolsonaro a chavistas

Joice Hasselmann rompeu com o governo de Jair Bolsonaro - WAGNER PIRES/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
Joice Hasselmann rompeu com o governo de Jair Bolsonaro Imagem: WAGNER PIRES/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Do UOL, em São Paulo

05/05/2020 15h23

Ex-aliada do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), a deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP) é, hoje, uma das maiores críticas do chefe do Executivo e de seus apoiadores. Ao ponto de compará-los aos seguidores do ex-presidente da Venezuela, Hugo Chavez, um dos alvos mais constantes do discurso de Bolsonaro.

Em entrevista ao Programa Pânico, da Rádio Jovem Pan, Joice citou os ataques de bolsonaristas a profissionais de saúde e jornalistas no último final de semana para traçar paralelos entre o bolsonarismo e o chavismo: "Os bolsonaristas têm Black Blocs. O PT tinha e o Bolsonaro também tem. É essa gente que se diz de direita, mas é reacionária e comete crimes, agride equipes de reportagem. É lamentável. E agrediram também as enfermeiras. [...] Tínhamos o orgulho de dizer que, nas manifestações, não tinha um ferido.

As pessoas levavam as crianças, os idosos, a gente via a Avenida Paulista com mais de 1 milhão de pessoas e não tinha nada. Agora, esse bando organizado está usando a camisa verde e amarela para cometer crimes. Não compactuo com isso, isso não é a direita, é um bando de reacionários, são os bolsochavistas", comentou.

A deputada também citou os ataques que recebeu na internet ao romper com Bolsonaro para fazer a comparação, chamando-os de antidemocráticos: "É uma gente suja, que faz máquinas de fake news, agridem fisicamente e também pela internet das formas mais vis e mais chulas. Isso não é uma coisa democrática. O Código Civil e o Código Penal não deixam de existir porque os crimes são na internet. Essa gente não é racional e está perto da bandidagem [...] Sempre critiquei a destruição de reputação com o PT e vou continuar criticando no bolsochavismo", avaliou.

Novo Mensalão?

Segundo a parlamentar, o governo federal está prestes a mergulhar em um esquema de corrupção. Para ela, ao negociar cargos com partidos do centro, que tem como representantes alguns envolvidos no Mensalão (prática de compra de votos de congressistas durante o primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva), Jair Bolsonaro vai compactuar com as atitudes irregulares.

"Nunca houve, na história desse país, um presidente que fez tanta lambança quanto o Bolsonaro. Há quem diga que ele não montou o Petrolão. Não montou, mas está tentando montar um Mensalão. Está costurando com o centrão [...] Ele se alia ao que tem de pior, a turma que fez parte do Mensalão e do Petrolão, entrega cargos importantíssimos para o governo, para quê? Em troco de quê? Acha que é um bando de santos que fazia parte do inferno passado e fazem parte, agora, do paraíso e todos, com suas aureolas, vão comandar o Brasil? Isso é uma piada. Estamos vendo um presidente degringolando", avaliou.

"Mourão 2020, Moro 2022"

Uma das autoras dos pedidos de impeachment contra Jair Bolsonaro, Joice afirmou durante a entrevista que há motivos concretos para o afastamento do presidente "O processo de impeachment só não anda porque a Câmara não quer. Porque os crimes de responsabilidade o Bolsonaro já cometeu. Ele cometeu interferência direta na Polícia Federal. O Sérgio Moro denunciou isso. Depois, o Supremo barrou a nomeação [para diretoria-geral da Polícia Federal] daquele que seria o amigão da família [Alexandre Ramagem], para o presidente poder chamar a PF de sua. Aí eles colocaram o poste do Ramagem [Rolando de Souza], para fazer tudo que o Ramagem pede, a mando do presidente. Isso é uma interferência clara", apontou.

Com a frase "Mourão 2020 [referência ao vice-presidente Hamilton Mourão, que assumiria a Presidência em um possível afastamento de Bolsonaro]; Moro 2022", ela explicitou seu desejo em ver o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, como candidato ao Palácio do Planalto nas próximas eleições.

"Meu sonho era que o Moro cedesse aos constantes convites que ele tem e viesse candidato a presidente em 2022. Nunca escondi isso de ninguém. Sou grata ao que ele fez pelo Brasil. [...] Continuo na defesa desse baluarte no combate à corrupção. Continuo acreditando nele, sei que o Moro diz a verdade e a saída dele do governo deixou claras as más intenções de parte do governo. Sérgio Moro, para mim, é um grande símbolo do combate à corrupção e acredito em cada palavra que ele disse", concluiu.