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Parlamentares criticam Weintraub por xingar STF; Zambelli relativiza

19/02/2020 - O ministro da Educação, Abraham Weintraub, participa do primeiro culto de Santa Ceia de 2020 da Frente Parlamentar Evangélica do Congresso Nacional - Marcelo Camargo/Agência Brasil
19/02/2020 - O ministro da Educação, Abraham Weintraub, participa do primeiro culto de Santa Ceia de 2020 da Frente Parlamentar Evangélica do Congresso Nacional Imagem: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Guilherme Mazieiro

Do UOL, em Brasília

08/05/2020 19h10Atualizada em 08/05/2020 21h00

Os xingamentos do ministro Abraham Weintraub (Educação) aos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) durante um reunião levaram a repercussão a diferentes alas do Congresso. A fala do auxiliar do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) foram condenadas por políticos de esquerda, centro e direita, e relativizada por bolsonaristas.

O ataque do ministro aos integrantes do Supremo foi revelado pela colunista do UOL Thais Oyama. O vídeo da reunião em questão é motivo de uma disputa judicial. O ex-ministro da Justiça, Sergio Moro, aponta que naquele encontro ministerial, Bolsonaro fez cobranças para interferir politicamente na Polícia Federal e ameaçou demiti-lo.

O governo justifica para o STF que não pode liberar o vídeo para investigação em curso por conter assuntos de Estado.

O líder do Podemos no Senado, Alvaro Dias (PR), disse que as falas de Weintraub agradam a Bolsonaro.

"Com palavrões e radicalidade o ministro conquista o coração do Bolsonaro mas certamente perde o respeito das pessoas educadas e se torna o ministro 'sem' educação", declarou.

Já a deputada Carla Zambelli (PSL-SP), do núcleo duro do bolsonarismo, relativizou. Ela disse que, em ambiente privado, não deveria ser proibido expressar sentimento sobre nada.

"Se há a fala de algum ministro de forma um pouco mais espontânea no ambiente privado, expressando seu sentimento a respeito das ações do STF, eu poderia dizer que caso alguém comece a me gravar vão me pegar em várias situações que me expresso de maneira bastante espontânea e com muitos palavrões quando me refiro ao STF também", disse.

Ela afirmou que existem "informações de que falam muito mal" dela e de pessoas do governo. "Viva a, liberdade de expressão", disse.

O líder da minoria na Câmara, José Guimarães (PT-CE), condenou as falas de Weintraub.

"O problema desse governo não é só Bolsonaro. É sua totalidade. É a expressão do desrespeito às instituições e a ameaça permanente ao Estado democrático de Direito. O que vimos ontem da Regina Duarte e hoje do ministro da Educação é o verdadeiro lixo. É inaceitável, um horror para o Brasil", afirmou, citando a secretaria especial de Cultura, que ontem, em entrevista à CNN, relativizou a ditadura militar e os apelos da classe artística por apoio da pasta durante a crise do coronavírus.

Para a ex-aliada de Bolsonaro Joice Hessalmann (PSL-SP), que ocupava o cargo de líder do governo no Congresso, até se desentender com o presidente, em outubro, a divulgação do vídeo da reunião vai provocar espanto.

"O que o STF e o povo verão quando a reunião do dia 22 for tornada pública é um show de horrores. Todas as reuniões em que o presidente participa são recheadas de palavrões, xingamentos a integrantes do Legislativo, Judiciário e também governadores. É de praxe. É o padrão Bolsonaro. A notícia de que um ministro xingou ministros do STF não me surpreende em nada. É sempre assim", disparou ela que já participou de inúmeras reuniões.