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OPINIÃO

Carlos Madeiro: "Se você se comovia com a Itália, Manaus está muito pior"

Do UOL, em São Paulo

09/05/2020 04h00

O Amazonas é um dos estados mais afetados pelo crescimento de casos do novo coronavírus no Brasil, com o sistema de saúde em colapso e o prefeito da capital Manaus, Arthur Virgílio Neto (PSDB), fazendo apelos por ajuda, enquanto um pedido de lockdown foi negado pelo juiz Ronnie Frank Torres Stone, da 1ª Vara Estadual.

No podcast Baixo Clero #36, o jornalista Carlos Madeiro fala sobre a situação da capital amazonense e aponta um cenário caótico devido à pandemia da covid-19 em uma região que tem problemas de estrutura para atender aos doentes. Ele também comenta a decisão do juiz que indeferiu o pedido de lockdown.

"Manaus está passando por um colapso que é inacreditável, se vocês se comoviam com a Itália, lá está muito pior. Pobreza, a periferia é lotada de índios que fogem justamente dessa pressão que existe pela terra lá no interior do Amazonas", diz Madeiro (disponível no arquivo acima a partir de 43:58).

"Eles (os índios) vivem em periferias, Manacapuru é uma cidade da Grande Manaus, que tem o maior número de casos do Brasil proporcionalmente. É uma catástrofe o que está ocorrendo lá e o juiz dizer que o número de casos está decrescente, que não vê evidências científicas, isso para mim beira realmente o grotesco", completa o jornalista.

Madeiro explica que o número de leitos disponíveis por pessoa na região é um dos mais baixos do país e, ao mesmo tempo em que houve a negação do pedido do Ministério Público pelo lockdown, a Assembleia Legislativa aprovou a abertura das igrejas, que foram colocadas como serviço essencial.

"O Amazonas tem uma das piores relações de leitos de UTI por pessoa, o menor número de médicos também por pessoa, dá menos de um por mil, no interior isso chega a 0,17, então você juntou uma combinação, uma tempestade perfeita. Um estado precário, um estado que tem muita dificuldade de implementar o isolamento, o lockdown foi pedido pelo MP, a justiça negou, a decisão da justiça foi de que o número de casos está decrescente, coisa que não é verdade, não está decrescente, o que existe hoje é uma bárbara subnotificação, não existem condições de o sistema atender sequer o enterro de pessoas", conta o jornalista (disponível a partir de 31:36).

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