Topo

Esse conteúdo é antigo

'Quem não quiser ouvir palavrão, não assista', diz Bolsonaro sobre reunião

Do UOL, em São Paulo

14/05/2020 20h38

Jair Bolsonaro (sem partido) confirmou hoje que o vídeo da reunião ministerial do dia 22 de abril contém palavras de baixo calão e afirmou que quem acreditava em um "xeque-mate" do ex-ministro Sergio Moro contra ele vai "cair do cavalo" com a divulgação do registro.

"Da minha parte, eu autorizo a divulgar todos os 20 minutos, até para ver dentro de um contexto. O restante a gente vai brigar, a gente espera que haja sensibilidade do relator. É uma reunião nossa. A gente espera que ele acolha isso. Tem palavrão no meio? Tem, é a minha maneira de ser. Quem não quiser ouvir palavrão, não assista. Entenda que é uma reunião reservada", disse.

De acordo com transcrição da reunião feita pela AGU (Advocacia-Geral da União), o diálogo teve a seguinte frase de Bolsonaro: "Eu não vou esperar f... minha família toda de sacanagem, ou amigo meu, porque eu não posso trocar alguém da segurança na ponta da linha que pertence à estrutura".

Hoje, na tradicional live realizada no Facebook às quintas-feiras, o presidente da República admitiu os palavrões e alegou que "poderia ter destruído o vídeo" da reunião se houvesse algo ali que realmente o incriminasse — como aponta o ex-ministro Sergio Moro.

"Aqueles que acreditaram que era um xeque-mate, um vídeo avassalador... Vocês vão cair do cavalo! Mas espero que não seja liberado. Por que gravou? A gente costuma gravar, depois tira umas cenas e destrói. Quando veio à tona que o ex-ministro [Moro] disse que eu estava interferindo na Polícia Federal na frente de 20 ministros, eu poderia ter destruído o vídeo. Houve um pedido do ministro do STF, Celso de Mello, e nós entregamos na íntegra. Ele está como secreto. O vídeo já foi visto pelos advogados do ex-ministro, foi visto pelo advogado-geral da União, pelo pessoal da Polícia Federal", declarou.

"Vão ver que não existem [na reunião] as palavras Polícia Federal e superintendência. Eu falo da segurança da minha vida depois da tentativa de homicídio. Vocês vão ter conhecimento de tudo. E deixo bem claro que o próprio senhor Valeixo disse que a demissão foi a pedido, que não houve interferência minha na PF. E não houve mesmo, eu não me lembro de ter conversado com superintendente. Não tem como interferir, a PF tem de ter autonomia. Parabéns à PF, está botando para quebrar em alguns estados", completou.

O governo Bolsonaro teve início em 1º de janeiro de 2019, com a posse do presidente Jair Bolsonaro (então no PSL) e de seu vice-presidente, o general Hamilton Mourão (PRTB). Ao longo de seu mandato, Bolsonaro saiu do PSL e ficou sem partido até filiar ao PL para disputar a eleição de 2022, quando foi derrotado em sua tentativa de reeleição.