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'Acho muito difícil que a eleição possa ocorrer em outubro', diz ACM Neto

ACM Neto (DEM, prefeito de Salvador - Valter Pontes/Secom
ACM Neto (DEM, prefeito de Salvador Imagem: Valter Pontes/Secom

Do UOL, em São Paulo

15/05/2020 11h19

O prefeito de Salvador, ACM Neto, presidente do partido Democratas, afirmou hoje que não acredita na possibilidade de o Brasil conseguir realizar eleições municipais em outubro de 2020, por conta dos obstáculos impostos pela pandemia do novo coronavírus.

"Acho muito difícil que a eleição possa acontecer no dia 4 de outubro, mas não temos condições de dizer quando ela poderá ser realizada, por quanto tempo terá de ser adiada", afirmou o prefeito.

A declaração foi feita durante um painel virtual sobre o tema realizado pela OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) do Distrito Federal. Também participaram da transmissão ao vivo, entre outros, o ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), e o líder da oposição na Câmara Federal, deputado Alessandro Molon (PSB).

Embora defina como improvável que a eleição ocorra dentro do prazo previsto, ACM Neto defende que sejam mantidos os mandatos de prefeitos — 2020 é o quarto e último ano para os eleitos em 2016 —, em vez de prorrogá-los por dois anos, medida que se estuda como consequência de uma alteração no calendário eleitoral. Por causa da pandemia, o país poderá ter uma eleição unificada em 2022, se a eleição deste ano não ocorrer.

"Sou contra a prorrogação de mandato, isso é ruim para a democracia", ele afirmou. "A coincidência das eleições [para prefeitos e governadores] prejudica a escolha do cidadão".

O prefeito de Salvador entende que os processos de escolha para prefeitos e governadores demandam análises muito diferentes por parte dos eleitores. Por isso, fazer com que as duas decisões sejam feitas ao mesmo tempo pode corromper essa dinâmica.

"A eleição municipal é muito própria, o eleitor discute posto de saúde, vagas na escola, não dá para misturar isso com a escolha do governador".

"O grande desafio é como fazer a campanha em um país com milhares de mortos, a necessidade do isolamento social. Em agosto, quando a campanha começa, o coronavírus não vai estar resolvido, ainda vai ter muitos casos, vai ser impossível ter aglomeração de pessoas", afirma.

Para ACM Neto, a decisão sobre a realização da eleição em 2020 deve ser feita até o começo de junho, quando começam a vencer alguns prazos eleitorais para partidos e candidatos.

"A palavra principal que toma o meu sentimento e o da minha equipe é a imprevisibilidade. Não sabemos o que vai acontecer. A gente tem que viver a cada dia a sua agonia."

Votação em dezembro

O deputado federal Alessandro Molon (PSB), líder da oposição na Câmara, que também participou do debate, sugere já uma data para a realização das eleições: o primeiro e o terceiro domingos do mês de dezembro, alteração que poderia ser feita por meio de uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição). "Teríamos um segundo turno muito curto, de dez dias ou uma semana, mas é uma situação excepcional e temos que nos adaptar", ele afirma.

Molon, assim como ACM Neto, é contrário à coincidência de eleições de prefeitos e governadores e defende que o pleito de 2020 seja resolvido dentro do mandato atual, ou seja, ainda este ano.

"O mais difícil é a campanha. Temos muita exclusão digital no Brasil, um contingente enorme de brasileiros que não têm acesso à internet ainda."

Para o deputado, contar com que a campanha possa ser feita quase que totalmente pela internet por causa dos riscos impostos pela pandemia de covid-19 significaria "retirar o contato direto com o eleitor".

"A internet, ainda está sendo estudado como ela foi dominada, inclusive peça desinformação. Existe a manipulação pela desinformação, como está se mostrando real no mundo inteiro, não apenas no Brasil", ele reforça.

"Devemos adiar eleições, campanha, convenções. Se chegarmos à conclusão em setembro, outubro que é impossível fazer campanha e eleição, aí podemos considerar um novo adiamento."