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Secretário de Witzel diz que advogou para preso na Lava-Jato, mas nega elo

Lucas Tristão, secretário de desenvolvimento econômico do Rio de Janeiro - Caio Blois/UOL
Lucas Tristão, secretário de desenvolvimento econômico do Rio de Janeiro Imagem: Caio Blois/UOL

Caio Blois

Do UOL, no Rio de Janeiro

20/05/2020 17h37

O secretário de desenvolvimento econômico Lucas Tristão confirmou ter advogado para Mário Peixoto, preso pela Operação Lava Jato na última quinta-feira (14) por suspeita de envolvimento em fraudes na saúde em meio à pandemia do coronavírus. Por outro lado, negou qualquer favorecimento ao empresário em contratos de empresas dele com o governo do Rio de Janeiro.

Se afirmou ter relação próxima com Peixoto, Tristão negou ser o "Lucas" citado em ligações para o empresário, dando álibis de que não havia se encontrado com o empresário na data das gravações. O secretário afirmou que no dia da gravação almoçou com Witzel e o cônsul do Reino Unido no Palácio Guanabara, discutindo a modernização das normas de compliance.

"Fui advogado do Mário Peixoto, mas não advogo para mais ninguém desde 01 de janeiro de 2019. Agora trabalho em favor do interesse social da política e economia do Rio. O vínculo profissional virou de amizade, mas nunca tratei a coisa pública com improbidade. A minha idoneidade nunca foi posta em dúvida. Não sou investigado nem suspeito", se defendeu.

Tristão declarou que sua pasta passou por uma espécie de "pente fino" desde a deflagração da operação que envolvia contratos do atual governo, tentando afastar a crise no governo de Wilson Witzel.

"Identifiquei todos os contratos e não há ali qualquer empresa vinculada a Mário Peixoto ou a qualquer pessoa citada na operação. Só tenho conhecimento das pautas econômicas, da minha secretaria. O que acontece na agricultura, turismo ou cultura não passa por mim. Não tenho ingerência ou indicação em qualquer outra atividade", disse.

Sobre um encontro confirmado entre ele e Mário Peixoto em abril, em um almoço, o secretário de Witzel desconversou, citando protocolos da OMS para evitar o contágio de coronavírus.

"Foi um almoço de domingo, de seis pessoas, sem aglomeração, sem desrespeitar decretos ou leis. Obedeci estritamente as orientações da OMS de higiene e distanciamento".

Tristão não adiantou o assunto do encontro, dizendo apenas que foi uma "atividade normal de sua pasta".

"Sou secretário de desenvolvimento econômico, e me relaciono com a sociedade civil organizada, presidente de federações, associações e também empresários no campo profissional. No campo pessoal, me relaciono com todos e não discuto com eles nada do governo, nada que não seja público e notório. A eficiência da pasta se deve justamente por não misturar a parte pessoal com o institucional. A minha conduta é sempre de probidade", destacou.

Questionado sobre uma possível saída da secretaria, Lucas Tristão lembrou que a decisão é de Wilson Witzel, e chamou a crise no governo de "boataria".

"Sou amigo do governador, mas isso é fora de cogitação [saida]. Minha manutenção depende da performance. Enquanto eu estiver cumprindo minha missão à frente da secretaria, estou à disposição. O governador que nomeia e exonera. Enquanto não houver publicação de exoneração, qualquer boato é irrelevante".