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Bolsonaro defende alvos de operação contra fake news: 'São pessoas de bem'

Do UOL, em São Paulo

28/05/2020 19h47

Jair Bolsonaro (sem partido) defendeu hoje os apoiadores e empresários que foram alvo, ontem, de operação da Polícia Federal que investiga indícios de um esquema de propagação de fake news. Em cinco estados e no Distrito Federal, os agentes cumpriram mandados de busca e apreensão relacionados ao inquérito conduzido pelo STF (Supremo Tribunal Federal).

"Sou casado, tenho uma enteada de 17 anos, uma menina de nove anos, imagine se eu fosse um capitão da reserva e tivesse uma atividade bastante assídua nas redes sociais e, de repente, me entra em casa a PF, às 6h da manhã, cumprindo determinação judicial para fazer busca e apreensão. Lamentável, são pessoas de bem, pais de família, desconheço entre eles qualquer pessoa que tem uma vida pregressa que os comprometa em algum momento. Todos eles, pelo que tomei conhecimento, não é que apoiam o Jair Bolsonaro 'herói', apoiam a linha que a gente tem", afirmou.

As declarações foram feitas hoje, na tradicional live que Bolsonaro realiza às quintas-feiras no Facebook, ao lado de Pedro Guimarães, presidente da Caixa, e Jorge Seif Júnior, secretário de Pesca.

"Como presidente da República, obviamente nós devemos abrir para conversar com a população, mas tem coisa que não podemos entrar em detalhes. Hoje conversei com autoridades do Poder Judiciário, do Legislativo, na semana conversei com outras 29 pessoas. A maioria delas sofreu busca e apreensão hoje pela manhã. Eu me coloco no lugar da pessoa", disse.

Ao todo, são 29 mandados de busca e apreensão, incluindo personalidades conhecidas, como o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB), o empresário Luciano Hang, a ativista Sara Winter, o deputado estadual Douglas Garcia (PSL-SP), o blogueiro Allan dos Santos e o humorista Rey Bianchi. O UOL relatou quem é quem no inquérito.

Bolsonaro tratou a investigação como algo capaz de ameaçar a "liberdade de expressão" e mencionou o PT (Partido dos Trabalhadores), que, com o candidato Fernando Haddad, disputou o segundo turno contra ele próprio nas eleições presidenciais de 2018.

"Liberdade de expressão, da minha parte, não sofrerá nenhuma sanção. Estou chateado com o inquérito, sim, respeitosamente a quem está fazendo, mas não tem base legal nenhuma. É inconstitucional, tem muita coisa errada, tá com sete mil páginas, milhares de páginas, muitos anexos. Essa ação de ontem quebrou sigilo fiscal do pessoal querendo saber se recebem dinheiro de alguém... De mim não recebem, até porque não tenho fonte de recurso para isso, zero", comentou.

"Fui acusado lá atrás, julgado no TSE ano passado sobre fake news, me acusaram de que eu gastava R$ 12 milhões fora do Brasil. Fazendo fake news contra o PT, você está elogiando o PT. Eu desafio qualquer um a falar 'essa matéria aqui apareceu no meu zap [WhatsApp], foi impulsionada e prejudicou o PT'. Isso é fazer Justiça. Ontem foi um dia triste para todo mundo, para aqueles que amam a liberdade de imprensa, para todos que lutam para que o Brasil continue democrático", disse Bolsonaro.

O presidente da República aproveitou o assunto "fake news" para reclamar da imprensa e novamente isentou os apoiadores investigados pela PF. "[Eles defendem] Respeito à família, são armamentistas, querem o livre mercado, são pessoas normais. Me desculpem aqui a parte considerável da grande mídia, a gente não tem da parte de vocês um compromisso com a verdade", criticou.

"A liberdade que nós temos não tem preço. Tudo que me acusam cai por terra. A história do porteiro lá, do caso Marielle [Franco], a reunião ministerial [de 22 de abril]... Diziam que ia sair uma bomba, bala de prata, a bolsa mexe. Essas matérias fake news são coisa de quem tem interesse em alguma coisa, mas tudo bem", acrescentou Bolsonaro.

"Entendo que a questão da liberdade de imprensa está contida em um dos pilares da Constituição. (...) Tem vídeo do [Alexandre de] Moraes dizendo que quem não suporta chacota que fique em casa, não se candidate a nada, eu sei que muita gente sofre com fake news. No meu caso, minha esposa, que pouco tem acesso a isso porque prefere não se envenenar. Mas, se você quiser botar um limite, pode estar imposta a censura", completou.

O governo Bolsonaro teve início em 1º de janeiro de 2019, com a posse do presidente Jair Bolsonaro (então no PSL) e de seu vice-presidente, o general Hamilton Mourão (PRTB). Ao longo de seu mandato, Bolsonaro saiu do PSL e ficou sem partido até filiar ao PL para disputar a eleição de 2022, quando foi derrotado em sua tentativa de reeleição.