FHC, Ciro e Marina criticam Bolsonaro por esconder dados do coronavírus

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e os ex-ministros Ciro Gomes (PDT) e Marina Silva (Rede) fizeram duras críticas ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) depois que o governo federal adotou medidas na última semana para reduzir a transparência nos dados sobre a pandemia de covid-19, doença causada pelo novo coronavírus.

Os três políticos participam de um debate na tarde deste domingo (7) na GloboNews.

Nos últimos dias, o Ministério da Saúde —a mando de Bolsonaro— passou a não divulgar mais dados acumulados sobre mortes e casos confirmados de coronavírus, além de ter atrasado para as 22h a divulgação dos boletins diários sobre a doença. O portal destinado à divulgação dos dados ficou fora do ar entre sexta-feira e sábado, e voltou sem mais exibir informações acumuladas sobre a pandemia. Também foi desabilitada a possibilidade de que os usuários fizessem download dos dados, recurso essencial para o trabalho de pesquisadores e jornalistas.

A ex-ministra Marina Silva —candidata à Presidências nas últimas três eleições— afirmou que as mudanças feitas pelo governo configuram crime de responsabilidade, que pode gerar impeachment. Ela usou uma figura de linguagem para comparar as mudanças à gestão fiscal da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).

"Eles estão mais preocupados em fazer uma espécie de pedalada pandêmica. É uma verdadeira tentativa de ocultar informações e isso é altamente perigoso. Cria uma falsa sensação de que tudo está bem", criticou. "Isso é crime de responsabilidade, claramente crime de responsabilidade."

FHC, por sua vez, afirmou que "ninguém vai conseguir esconder nada de ninguém" e classificou como "ridícula" a tentativa de restringir o acesso aos dados sobre a pandemia. "Imaginar hoje que você vai esconder dados é simplesmente ridículo. Os mortos existem", resumiu.

Ciro concordou com Marina sobre o fato de as mudanças feitas pelo governo representarem crime de responsabilidade e disse que isso prejudica a conscientização da sociedade sobre a gravidade do coronavírus.

"Esse vírus assassino não tem vacina, apesar de todo o esforço. E não tem remédio, apesar do charlatanismo. A informação nesse caso é o único caminho para a prevenção."