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Em dia de atos pró e contra Bolsonaro, oposição ao governo é mais numerosa

Do UOL, em São Paulo

07/06/2020 20h24

Neste domingo, apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) precisaram dividir o asfalto com manifestações contrárias ao governo federal. Em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e outras capitais os seguidores do governo federal estiveram em menor número.

Os protestos antiBolsonaro foram maiores mesmo com lideranças políticas pedindo para não haver adesão. Mas as manifestações acabaram encorpadas pelo movimento negro, inflamado no mundo todo com o assassinato do americano George Floyd. Aqui, casos de pessoas vítimas de violência policial, como João Pedro e Ágatha Félix também foram lembrados.

Também houve protesto de profissionais de saúde contra o negacionismo do Palácio do Planalto frente à covid-19.

Outro ineditismo deste final de semana foi o comportamento do presidente. Bolsonaro participou dos protestos nos últimos finais de semana e domingo passado chegou a montar um cavalo em meio aos manifestantes. Desta vez, ele se limitou a sair do Palácio da Alvorada para cumprimentar alguns apoiadores que estavam do lado de fora.

Grupo lembra Marielle com faixa contra Bolsonaro, em Copacabana - Pilar Olivares/REUTERS  - Pilar Olivares/REUTERS
Imagem: Pilar Olivares/REUTERS

Grande preocupação de autoridade de segurança pública e lideranças políticas, não houve confrontos ou incidentes maiores. Um integrante de atos contra o governo começou a depredar uma agência do Bradesco, mas foi contido pelos próprios manifestantes. Na avenida Paulista, a reportagem testemunhou pequenos princípios de confusão, todos relacionados a críticos ao movimento que passavam pela multidão.

Dezessete foram detidos em São Paulo. No Rio de Janeiro, um princípio de confusão no final do ato contra o presidente levou 40 pessoas para a delegacia. Em Belém, o número de presos foi maior, 112 pessoas. Mas o motivo da condução à Polícia Civil foi desrespeito ao distanciamento social.

Bolsonaro em minoria nas ruas

O primeiro indício de que os contrários ao governo federal seriam maioria apareceu pela manhã em Brasília. As correntes pró e contra Bolsonaro foram para rua às 9h30. Ambos estavam separados por um cordão policial na Esplanada dos Ministérios e imagens aéreas revelaram que havia menos gente defendendo o presidente. A dinâmica se repetiu ao longo do dia.

Manifestações a favor e contra Bolsonaro em Brasília, no domingo (7) - Reprodução/GloboNews - Reprodução/GloboNews
Manifestações a favor e contra Bolsonaro em Brasília, neste domingo (7)
Imagem: Reprodução/GloboNews

Um punhado de gente se manifestou a favor do governo federal na avenida Paulista, principal via de São Paulo. Cerca de cem pessoas, conforme a PM, pediam a destituição do Supremo Tribunal Federal, o impeachment do governador de São Paulo, João Doria (PSDB) e apoiaram o presidente. O esvaziamento do ato frustrou parte dos presentes. "Cadê os patriotas?", questionava um deles durante uma live.

Cabe ressaltar que o presidente desencorajou seus apoiadores a irem às ruas neste domingo. Durante uma live na quinta-feira, ele disse que poderia haver confrontos e pediu que as pessoas que defendem seu governo evitassem os protestos.

O protesto contra Bolsonaro reuniu mais gente em São Paulo. Cerca de 3 mil pessoas foram ao Largo da Batata reclamar da atuação dele, informou a PM. O movimento "vidas negras importam" fez pessoas levarem cartazes contra o racismo para o asfalto. Logo depois de começar a caminhada, os participantes do ato chegaram a avenida Brigadeiro Faria Lima e esticaram uma faixa com a frase "mortes nunca mais".

Era uma homenagem também a George Floyd, assassinado por um policial branco na semana passada nos Estados Unidos. Enquanto os ato se desenrolava, moradores de vários bairros de São Paulo responderam às manifestações anti-Bolsonaro com panelaços.

Pela manhã, profissionais de saúde homenagearam os colegas mortos na pandemia de covid-19 e demonstraram descontentamento com as atitudes do presidente frente à crise sanitária. Eles também enxergam ameaças à democracia nas atitudes do presidente.

"Não dá para se omitir em um momento em que a democracia está sendo constantemente atacada e o Ministério da Saúde desmontado. Mais do que isso: estamos vendo uma política higienista do governo", afirmou Lívia Ciaramello Vieira, médica residente de psiquiatria da USP e uma das organizadoras do ato.

Rio de Janeiro repete mais críticas que apoio ao presidente.

Algumas dezenas de apoiadores de Jair Bolsonaro escolheram Copacabana para seu ato no Rio de Janeiro. A estética verde amarela e faixas com frases defendendo a família marcaram o protesto. Eles fizeram uma caminhada pelo calçadão e se dispersaram sem conflitos.

Os manifestantes contrários ao presidente escolheram o centro da cidade estavam em maior número. Havia cartazes contra o racismo e a violência policial. As mortes do menino João Pedro, em São Gonçalo e o assassinato da vereadora Marielle Franco foram lembradas. O ato foi pacífico durante quase todo o tempo.

Cartazes contra o racismo eram exibidos e palavras de ordem repetidas. Entre os coros, um dos mais ditos foi "Eu tô de preto, de favelado, que todo dia na favela é assassinado".

A Polícia Militar informou que no final, um grupo atirou pedras nas viaturas e houve reação. Até o começo da tarde, 40 pessoas haviam sido levadas para delegacia. Integrantes do protesto negam qualquer ataque.