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Ministro do TCU discursa contra negação da ciência em sessão com Bolsonaro

Guilherme Mazieiro

Do UOL, em Brasília

10/06/2020 11h14Atualizada em 11/06/2020 10h12

Em sessão com a presença de Jair Bolsonaro (sem partido), o ministro do TCU (Tribunal de Contas da União) Bruno Dantas fez hoje um discurso contra a negação da ciência e o absolutismo. O ministro é relator das contas do governo de 2019 e votou pela aprovação com ressalvas.

"Não devemos temer as turbulências de determinado momento histórico, qualquer que seja. Porque a história mostra que as reações da sociedade, quando maduras, são sempre na direção da liberdade e contra o absolutismo, o arbítrio e a negação da ciência", disse Dantas.

Ele traçou um paralelo com o legado da Carta Magna do rei inglês do Século 13 João Sem Terra e disse que nosso "povo quer paz". O documento histórico citado por Dantas é considerado um dos mais importantes no mundo jurídico e institucional, e deu garantia de plenos direitos aos homens livres. Naquele contexto, o poder do rei foi limitado perante o Parlamento.

"Não podemos esquecer que neste sombrio ano de 2020, estamos vivendo com intensidade inimaginável as tragédias do século 21 e as conquistas do século 21. A marcha da história e da civilização não permite que temamos as crises institucionais dos Séculos 12 e 13", completou Dantas.

Participaram da sessão virtual os presidentes de Câmara e Senado, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Davi Alcolumbre (DEM-AP), o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes e ministros do governo Bolsonaro.

No seu relatório, Dantas orientou a aprovação com ressalvas das contas. A decisão do TCU serve como embasamento técnico para análise do Congresso, que é responsável por aprovar ou não as contas do presidente.

Dados do coronavírus

Na semana passada, o ministro do TCU sugeriu a criação de um sistema paralelo de contagem de casos e óbitos causados pela pandemia do novo coronavírus no Brasil e criticou o novo formato de divulgação adotado pelo governo Bolsonaro, que escondia os totais de casos e mortes.

"Cogito propor ao TCU e aos tribunais de contas estaduais que requisitemos e consolidemos dados estaduais para divulgação diária até 18h", escreveu Dantas no Twitter.

O governo Bolsonaro teve início em 1º de janeiro de 2019, com a posse do presidente Jair Bolsonaro (então no PSL) e de seu vice-presidente, o general Hamilton Mourão (PRTB). Ao longo de seu mandato, Bolsonaro saiu do PSL e ficou sem partido até filiar ao PL para disputar a eleição de 2022, quando foi derrotado em sua tentativa de reeleição.