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Winter é alvo de investigação por falta de prestação de conta eleitoral

A ativista Sara Winter - reprodução/Instagram
A ativista Sara Winter Imagem: reprodução/Instagram

Gabriel Sabóia

Do UOL, no Rio

15/06/2020 13h33

A ativista Sara Winter, principal porta-voz do grupo bolsonarista autodenominado "300 do Brasil", presa na manhã de hoje pela Polícia Federal, é alvo de investigação do MPF-RJ (Ministério Público Federal) por suposta improbidade administrativa ocorrida durante as eleições de 2018, quando foi candidata a deputada federal pelo DEM.

O MPF apura se teria havido irregularidade na utilização de R$ 25 mil recebidos pela campanha dela por meio do Fundo Eleitoral. Até hoje, Sara Winter não prestou contas desse valor, nem realizou o ressarcimento da quantia.

Em 2018, Winter recebeu 17.246 votos e não foi eleita. Ela foi expulsa do DEM no início deste mês. O procedimento encontra-se em fase instrutória e não tem relação direta com a prisão realizada hoje.

Em dezembro de 2018, a defesa da ativista chegou a informar à Justica Eleitoral do Rio de Janeiro que "a prestação final de contas de sua campanha foi realizada via SPCE [Sistema de Prestação de Contas Eleitorais]".

O corpo técnico do órgão, no entanto, recomendou a rejeição dessa prestação e determinou que a ativista devolvesse os R$ 25 mil recebidos.

A devolução, no entanto, não foi realizada e a investigação por suposta improbidade administrativa foi aberta. A reportagem não localizou a defesa de Sara Winter para comentar o processo.

Há outros cinco mandados de prisão

Winter foi detida durante uma operação da PF na manhã de hoje. Há outros cinco mandados de prisão sendo cumpridos, mas a PF não informou a identidade dos alvos. Eles também pertencem ao movimento e são considerados lideranças dele.

As prisões foram decretadas pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes a pedido da PGR (Procuradoria-Geral da República) no inquérito que apura manifestações de rua antidemocráticas. Os pedidos de prisão foram apresentados na última sexta-feira (12), e são temporários, ou seja, têm duração de cinco dias.

De acordo com o MPF (Ministério Público Federal), há indícios de que o grupo continua organizando e captando recursos financeiros para ações que se enquadram na Lei de Segurança Nacional, que define crimes contra a ordem política e social.

O objetivo das prisões é ouvir os investigados e reunir informações de como funciona o suposto esquema criminoso, diz nota divulgada.

Em abril, o procurador-geral da República, Augusto Aras, pediu ao STF a abertura de um inquérito para investigar os atos pró-golpe ocorridos em cidades brasileiras. A PGR citou a participação de deputados federais nos eventos.

Os manifestantes pediram intervenção militar, a volta do AI-5 (Ato Institucional Nº 5) e o fechamento do Congresso e do STF, um caso de retorno à ditadura. Embora tenha participado de um protesto em frente ao Quartel General do Exército, em Brasília, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) não é alvo de investigação.

Inquérito das fake news

Sara foi um dos alvos dos mandados de busca e apreensão em outro inquérito no STF, o que apura as fake news, no fim de maio, e teve confiscados itens como computador e celular - conforme ela mesmo afirmou em vídeos publicados em redes sociais.

A operação da PF deflagrada em 27 de maio, também autorizada por Moraes, realizou 29 mandados de busca e apreensão e investigou nomes como o ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB), o deputado estadual Douglas Garcia (PSL-SP), o empresário Luciano Hang e o blogueiro Allan dos Santos.

Depois da ação, Sara iniciou uma série de ataques contra o STF e Moraes, falando em persegui-lo e "trocar socos" com ele.

"Eles não vão me calar. De maneira nenhuma. Pelo contrário. Eu sou uma pessoa extremamente resiliente. Pena que ele mora em São Paulo. Se estivesse aqui, eu tava na porta da casa dele, convidando ele para trocar soco comigo. Juro por Deus, eu queria trocar soco com esse filho da puta desse arrombado. Infelizmente eu não posso. Mas eu queria. Ele mora lá em São Paulo, né? Você me aguarde, Alexandre de Moraes. O senhor nunca mais vai ter paz na vida do senhor", afirmou ela, em vídeo que circulou no Twitter.